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Portugal Antigo e Moderno


Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho Leal (Lisboa, 16 de Outubro de 1816 - Porto, 2 de Janeiro de 1884) foi um militar português mais conhecido por historiador, pela sua monumental obra corográfica: «Portugal Antigo e Moderno», em 12 volumes, publicados em Lisboa pela Livraria Editora de Mattos Moreira entre 1873 e 1890.
 Ao qual acrescenta, pela sua mão, que é um: Diccionario Geographico, Estatistico, Chorografico, Heraldico, Archeologico, Historico, Biographico e Etymologico de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal e de grande numero de aldeias. Se estas são notaveis, por serem patria d’homens celebres, por batalhas ou noutros factos importantes que nellas tiveram logar, por serem solares de familias nobres, ou por monumentos de qualquer natureza, alli existentes. Noticia de muitas cidades e outras povoações da Lusitania de que apenas restam vestígios ou somente a tradição.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Página referente a BARBACENA.
Aguarde que a ligação seja estabelecida f.f.

Deixamos no entanto aqui e texto actual o que bem descrito por Pinho Leal referente a Barbacena.
Se por ventura existe alguma falha o mesmo fica a dever-se à falta de melhor conhecimentos sobre a escrita da época em que esta obra foi publicada e, todas as opiniões serão uma mais-valia.

Barbacena – Vila, Alentejo, comarca, concelho, e 12 quilómetros d NO. De Elvas, 168 a E. de Lisboa, 250 fogos.
Tinha em 1660 140 fogos, e em 1757 tinha 257.
Orago Nossa Senhora da Graça.
Bispado de Elvas, distrito administrativo de Portalegre.
Hoje está reduzida a aldeia.
Situada em bonita e fértil planície.
Eram seus donatários os condes de aqui.
Tem castelo que foi edificado por D.João III, e senhor desta vila, pelos anos de 1550. (Há quem diga que, no mesmo sitio havia já um castelo antiquíssimo, do qual os materiais foram aproveitados para a construção do actual).
Fica a E. da vila e está ainda muito bem conservado. Tem duas torres pequenas, revelins e baluartes, com seu fosso em roda e ainda tem vestígios da porta levadiça.
Daqui se vê Arronches, Monforte, Alegrete, Borba, Vila Viçosa e Portalegre.
Consta do seu foral que esta povoação teve princípio em uma quinta ou herdade.
Foi fundada por Estevão Annes,  cancheler - mór de D.Afonso III, em 1273.
Em 1426 era senhor de Barbacena João Fernandes Pacheco, ao qual a tirou D.João I, por ser traidor á pátria, seguindo o partido de Castela contra ele, e a deu a Martins Afonso de Melo, seu guarda-mór, e alcaide-mór de Évora, Olivença e castelo de Vide, e deste passou a seu neto D. Afonso Henriques, filho de D. Branca, sua filha e de D. Fernando Henriques, senhor das Alcoçovas, cujos herdeiros a venderam a Diogo de Gastro que procediam os viscondes, e depois condes, de Barbacena, cuja família está hoje extinta.
Foi D. Afonso VI quem elevou a visconde de Barbacena o senhor de Barbacena, Jorge Furtado de Mendonça. Mais tarde passou a ser condado, que se extinguiu por morte do último conde, Francisco Furtado de Castro do Rio de Mendonça e faro, que faleceu em Lisboa a 25 de Agosto de 1854.
Eram 7.º visconde e 2.º conde de Barbacena.
Descendia de D. Pedro I e da rainha D. Inêz de castro. Pelos Faro eram da família dos condes de faro, de Odemira e do Vimieiro, que descendiam de D.João I e de D. Nuno Alvares pereira, o celebre condestável.
Foi último conde de Barbacena, tenente general e ministro do sr. D. Miguel I.
Era homem de uma vastíssima instrução, muito criativo, fidelíssimo ao seu rei e á sua pátria, e finalmente em verdadeiro português.
Mendonça é um apelido muito nobre em Portugal. Veio de Espanha, da vila de Mendonça, na Biscaia. O primeiro que usou dele neste reino foi D. Ruy Furtado de Mendonça, que veio de Espanha para Portugal no tempo do nosso D.Afonso IV, com D.Constança, primeira mulher do infantado D.Pedro, depois D.Pedro I, rei de Portugal.
El-rei o fez general do mar, e no reinado de D. Fernando, foi anadel-mór[1] dos besteiros. Seu filho, Afonso Furtado de Mendonça, o foi do rei D.Daurte.
Suas armas são as dos Furtados, tendo de mais o elmo de parta aberto.
Como os Mendonças se dividiram e subdividiram em várias famílias, e cada uma adoptou diversas armas, abstenho-me de as mencionar todas, por ser coisa muito extensa e aborrecida, e limitar-me-ei ás dos principais Mendonças (que são também as dos condes de Vale de Reis) e são: - escudo fraxado de verde e oiro, sobre o verde uma banda de purpura, perfilado de oiro, e nos de oiro a legenda – Ave Maria. O timbre é o dos Condes, que é um leão de oiro, ou meio homem nu, cabeludo, com um remo ás costas.
Há outra família de Mendonças  Arraes, procedente da sobredita, da qual é tronco Ruy Arraes de Mendonça, por seu pai Arraes e sua mãe Mendonça. Esta também está hoje dividida em vários ramos, com modificação nas armas de cada deles, sendo as do principal: - escudo esquartelado, no primeiro e quarto quartel, de púrpura, nove folhas de golpão, de oiro, em três palas; o 2.º e 3.º divididos em aspas, no 1.º e 4.º de verde, banda de púrpura, perfilada de oiro, o 2.º e 3.º divididos do mesmo, liso, elmo de aço aberto. Timbre, meio homem, nu, cabeludo, tudo da sua cor, com um remo de oiro às costas.
A igreja de Barbacena era do padroado real, que apresentava aqui o prior, o qual tinha de rendimento 400$000 réis.
Tinha um beneficiado da mesma apresentação, com a renda de 40$000 réis pagos pelo prior, que também dava 12$000 réis ao tesoureiro.
Tem misericórdia, com sua irmandade (chamada do Amparo) erecta por autoridade real, mas apenas tem uma espécie de albergue para pobres.
É terra muito fértil.
O donatário punha aqui os justiças.
Pelo meio da vila corre um ribeiro, que nasce próximo da Fonte do Sapo, o qual ( ribeiro) rega e mói. Tem três pequenas pontes na vila. Morre na ribeira da Coutada.
D. Manuel lhe deu foral em Évora, a 15 de dezembro de 1519.
Ruy Mendes da Silva (Pobl.Gen. de Esp.) diz que D. Afonso II lhe deu foral com muitos privilégios, em 1273; mas Franklim não trás este foral velho.
D.João III lhe deu o título de vil i pelos anos de 1550, quando se lhe fez o castelo.
Suponho que a alcunha de Barbacena, se deu a algum individuo da família Mendonça, por ser muito cabeludo, e que depois se transmitiu á vila. O que me leva a supor isto é o timbre do homem cabeludo que ostenta nas suas armas.
Já disse que o primeiro Mendonça que veio para Portugal foi D.Ruy Furtado de Mendonça, que aqui foi general do mar (almirante).Ora, a segunda família de que trato é Mendonça Arraes. Deixo este importantíssimo ponto para ser discutido e deslindado pelos reis dármas.
Parece que o nome primitivo de Barbacena era a Quinta da Herdade, e depois simplesmente Herdade.

Assim nos apresenta Barbacena Pinho Leal.




[1] O Anadel-Mor do Reino era o Chefe de todas as forças comandadas pelos Anadeis-Mores, os quais eram os Comandantes de certo número de Companhias comandadas por Anadeis. O Anadel era o Capitão de homens de armas de Besteiros. O Anadel-Mor de Besteiros era o Chefe de várias Companhias de Besteiros. O termo Anadel tem origem na palavra Árabe Annazzar, que significa Inspector.
Estes cargos duraram até ao tempo do Rei D. Manuel I, que extinguiu o cargo de Anadel dos Besteiros de Cavalo, assim como os Acontiados, a requerimento das Cortes reunidas em Lisboa em 1498, só deixando o Anadel dos Besteiros do Monte e dos Espingardeiros, por serem estes vantajosos para o serviço do Reino e das possessões em África. A supressão teve por fim, diz Damião de Góis, escusar muitas opressões que o reino por caso dos tais ofícios recebia, sem eles haver necessidade.
IN - Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre, consultada em 4 de AGOSTO DE 2018





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