Do Dicionário Geográfico, ou Noticia Histórica de todas as cidades, vilas, lugares e aldeias, rios ribeiras e serras dos reinos de Portugal e Algarve, com todas as coisas raras que neles se encontrarão, assim antigas como moderna.
Diccionario Geographico, ou Noticia Histórica de todas as cidades, villas, lugares e aldeas, rios, ribeiras e serras dos Reynos de Portugal e Algarve, com todas as cousas raras que nelles se encontrão, assim antigas como modernas”
Descrição referente a Barbacena
BARBACENA. Vila na Província de Alentejo, Bispado, Comarca, e Provedoria da Cidade de Elvas, da qual dista duas léguas ao Noroeste: tem seu assento em sítio plano: são Senhores dela os Viscondes desse Título. Deu-lhe foral EI Rei I). Manoel estando em Évora, a 15 de Dezembro de 1519. Tem seu Castelo, que fundou D. Jorge Henriques, Reposteiro mor delRey D. João Terceiro, Senhor desta Vila. Dela se descobrem as Vilas de Arronches, Monforte, Alegrete, Borba, Vila -Viçosa, e a Cidade de Portalegre: o seu Termo é muito limitado.
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Do foral, e de algumas doações, que se conservam no Cartório da Câmara, consta que teve principio esta Vila de uma herdade.
Foi fundada por Esteve Annes, Chanceler delRey D. Afonso Terceiro, no ano de 1426 era de João Fernandes Pacheco, ao qual a tirou El-rei D.João o Primeiro, por fugir as partes delRey de Castela; e o mesmo Rei a deu a Martim Afonso de Mello, seu Guarda mór, e Alcaide mór de Évora, Olivença, e Castelo de Vide, e deste passou depois a seu neto D. Afonso Henriques, Filho de D. Branca, sua filha, e de D. Fernando Henriques, Senhor das Alcáçovas, cujos descendentes a venderão, com licença delRey, a Diogo de Castro do Rio, por preço de vinte c cinco mil cruzados.
O Titulo de Visconde, que nos nossos dias renunciou em seu irmão mais moço Luiz Xavier Furtado de Mendoça Castro e Rio, o Padre Fr. Afonso dos Prazeres, para entrar na Religião de S. Bento, donde saiu para o Seminário do Varatojo, por se sentir chamado por Deus para o exercício das Missões, nas quais se tem empregado, com grande aproveitamento dos povos.
A Paroquia de uma só nave fica fora da Vila contra o Sul: é seu Orago Nossa Senhora da Graça.
Consta de seis Altares, no maior está o Sacrário, e ao lado da Epistola, dentro da Capella se vê um Mausóleo, com a seguinte escritura:
“ Nesta Igreja se cante uma Missa quotidiana por alma de D. Jorge Henriques, do Concelho delRey João Terceiro de seu nome, e seu Caçador mór, Monteiro mór, Senhor desta Vila de Barbacena, com dois Ofícios de nove lições, um por dia de todos os Santos, outro por dia de finados, por alma de seus pais, ao que então obrigadas as herdades do termo de Monforte, que são a dos Morenos, e a dos Barbeiros”.
Os mais Altares são, de Nossa Senhora do Rosário, Santo António, Alma, S. Pedro, e do Senhor Jesus Tem duas Irmandades, uma do Santíssimo Sacramento, outra das Almas, pretas por autoridade Ordinária.
O Pároco e Prior, de apresentação do Padroado Real: tem de renda nuns anos por outros trezentos e cinquenta mil reis: tem um Beneficiado da mesma apresentação, que tem de renda quarenta mil reis, os quais paga ao Prior, e doze mil reis ao Tesoureiro.
Tem Casa de Misericórdia com sua Irmandade, chamada do Amparo, erecta por autoridade Real: é governada por um Provedor, e doze Irmãos: por falta de rendas, e por esta causa não tem mais que uma albergaria, em que se recolhem alguns pobres de passagem. Dentro do povo tem as Ermidas seguintes: Sebastião, o Calvários, Nossa Senhora do Passos, Imagem perfeitíssima, e de muitos milagres, e por isso é frequentada todo o ano de muitos romeiros, e devotos: tem sua Irmandade eleita pelo Ordinário. Para a mesma parte a de S. Francisco com sua Ordem Terceira.
Os frutos, que os moradores desta Vila colhem em maior abundância, são, trigo, centeio, cevada, algum vinho, frutas poucas, e hortaliças, bastantes. Governa se por dois Juízes ordinários postos pelo Visconde, Senhor, e Donatário desta Vila.
Todas as fontes de que bebe na Vila, a principal se a que está no meio dela; são de excelente água, nas quais não reconheço a experiencia até agora virtude alguma medicinal, talvez por falta de observação dos moradores. No seu Termo para o Sul da fonte do Sapo, nasce um pequeno ribeiro, que corre pelo meio desta Vila, e conduz muito para a fertilidade do terreno; dentro dela tem três pontes de pouca fábrica, vai fenecer na ribeira da Coutada. É esta Vila terra aberta, só tem para a sua defesa à parte do Nascente, contiguo à mesma Vila, hum Castelo muito bom, com duas torres pequenas, revelins, e baluartes, com seu fosso em roda, e teve ponte levadiça no tempo das guerras passadas com Castela. Em todo o seu Termo há bastante criação de gados de toda a casta, e grandes montados de azinho, e sobro.
NOTA: Tentamos passar para português actual o texto tanto, quanto nos foi possível.
DICCIONARIO GEOGRAFICO, OU NOTICIA HISTORICA DE TODAS AS CIDADES, VILLAS, LUGARES, E ALDEAS, RIOS, RIBEIRAS, E SERRAS DOS REYNOS DE PORTUGAL, E ALGARVE, COM TODAS AS COUSAS RARAS, QUE NELLES SE ENCONTRAÕ, ASSIM ANTIGAS, COMO MODERNAS / QUE ESCREVE, E OFFERECE AO MUITO ALTO... REY D. JOÃO V NOSSO SENHOR O P. LUIZ CARDOSO, DA CONGREGAÇAÕ DO ORATORIO DE LISBOA...
AUTOR(ES):
Cardoso, Luís, ?-1762, C.O.; Oficina Silviana,impr.
PUBLICAÇÃO:
Lisboa : na Regia Officina Sylviana, e da Academia Real, 1747-1751
DESCR. FÍSICA:
2 t. em 2 vol. ; 2o (30 cm)
REF.EXT.:
Barbosa Machado 3, 77
Inocêncio 5, 278-279
Monteverde 1094
NOTAS:
Foram publicados apenas dois Tomos, até à letra C
Na p. de tít.: "Com todas as licenças necessarias"
P. de tít. impressas a preto e vermelho
Texto a duas coluna
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