A NOITE, EM QUE BARBACENA, FOI
SACUDIDA
O calendário assinalava uma
sexta-feira dia 28 de Fevereiro de 1969, quando em plena madrugada, Barbacena,
assim como todo o País, era sacudida violentamente por um fortíssimo abalo
telúrico, que sobressaltou toda a população, que aquela hora avançada, da noite,
dormia a sono solto.
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A alguns milhares de quilómetros de
distância, havia um natural daquela terra alentejana, que de transístor ao
ouvido, cumprindo mais um turno de serviço, tomava nota de que o violento
sismo, se tinha feito sentir com maior incidência na zona do Alentejo, onde uma
pequena aldeia tinha ficado totalmente destruída, e se tinham registado muitas
vítimas, ficava atónito, angustiado.
Fonte:RTP |
Nas horas seguintes, os comentários
e as notícias não muito coincidentes entre si foram chegando, através de
telegramas, mais tarde veio a saber-se que efectivamente, a madrugada que
antecedera o dia 28 de Fevereiro de 1969, tinha sido dramática, em algumas
zonas do País, e em particular, no Alentejo e Algarve, dias depois, começaram a
chegar através de cartas e de aerogramas, as retemperantes noticias, que essas,
sim... fizeram findar a angústia e a incerteza, que pairava no espirito de quem
tinha deixado alguém que adorava, na terra que agora tremera. Nessas cartas,
por entre a descrição pormenorizada, dos estragos, davam conta de que um
fulano, no meio do turbilhão se tinha levantado estremunhado, e pensou que
estava a ser assaltado, que certos relógios de parede, com os tremendos
safanões que tinham levado, pararam, e jamais funcionaram. Duas ou três
chaminés antigas tinham ruído, bem como algumas casas mais velhas, ficaram sem
os rebocos, houveram povoações no Baixo Alentejo e Algarve onde se vieram a
verificar 13 óbitos, vitimas de derrocadas.
Voltando ao que se passou em
Barbacena, nessa distante e fatídica noite, de muitas histórias, tristes,
outras se contam ainda hoje, que devido às situações engraçadas, que narram,
destoam do ambiente de preocupação que se gerou, devido ao cataclismo: de entre
elas, escolhi esta, que se conta em duas penadas. Uma jovem adolescente, de
quem logicamente omito o nome, e que em conjunto com a família teria fugido
assustada, para a rua, apenas coberta por uma leve camisa de dormir, estando de
pé há largos minutos, em plena rua, enquanto se registavam as réplicas do abalo
telúrico, resolveu sentar-se num portado de uma casa ali próxima, era Inverno,
o gélido frio que se fazia sentir, arrefeceu substancialmente o mármore onde se
sentou. Surpreendida e arrepiada com o choque térmico, que sentiu, soltou, um
estridente grito e levantando-se de imediato, fez fugir também, em debandada,
as dezenas de pessoas que ali, estáticas, aguardavam, poder regressar às suas
casas em segurança, resumo: mesmo nas situações mais dramáticas, há sempre
momentos para se esboçar um sorriso desanuviador.
Muitos mais sismos se registaram na
zona de Barbacena, mas aquele da noite do dia 28 de Fevereiro de 1969, ficou
indelevelmente, registado na memória das pessoas que perto ou longe, sofreram o
constrangimento provocado pelo inesperado acontecimento
Setúbal,31 de Julho
de 2018
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