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 SE NADA MAIS SOUBERES AO MENOS
CONHECE A HISTÓRIA DA TUA TERRA


AS FONTES DA VILA

Singela, e sentida homenagem, às fontes de Barbacena, às quais, as gentes daquela Vila alentejana, tanto devem.

Oh Vila de Barbacena
Airosa, com sua graça,
As tuas moças formosas
De uma beleza serena,
E as tuas fontes vistosas,
Matam a sede a quem passa
38920927_438539436655012_7905307648147324928_nMuito antes dos furos artesianos terem sido conhecidos, e implementados, na zona de Barbacena, muito antes da restruturação autárquica, que levou a instalação de água canalizada às esquecidas freguesias rurais, eram elas as nossas velhinhas fontes, em número de quatro, que davam de beber, aos habitantes da Vila, e lhes permitiam garantir a sua higiene, muito embora, a população da velhinha Vila, rondasse, os três mil habitantes.
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Não raramente, nas minhas publicações, tenho trazido à liça, o esforço estóico, das valentes mulheres, donas de casa e suas filhas, que faziam a recolha do precioso líquido, em pesados cântaros de barro, os quais transportavam à cabeça, apoiados na tradicional ´”rolha” de pano, que amenizava o apoio do fundo do cântaro na cabeça, e por vezes, também levavam outro apoiado no quadril. Toda a água consumida nos lares era por elas acarretada, dando consistência a um incompreensível preconceito, existente em quase todo o Alentejo, na época, que era o facto, de estar o forçoso transporte de água das fontes, vedado aos homens; vá-se lá saber, porquê !! ..?
Mas.. tinha pensado escrever, sobre os quatro fontanários, que dispensando nessa época, das modernas análises de controle de qualidade, saciaram durante décadas, as inúmeras famílias, que dos seus caudais , bebiam, cozinhavam e consumiam na higiene das casas.
38810949_438539743321648_6284471661622198272_nDe arquitectura totalmente distinta, umas das outras, estão as mesmas situadas em locais estratégicos, permitindo à população, despender o menor esforço possível, quando tinha que recolher água. O bairro do Rossio era o menos favorecido, no que concerne à distância a que se situa a fonte mais próxima, daquele bairro do lado nascente da Vila; mas... falemos delas:
A fonte da Nazaré, como é conhecida no seio da nossa gente, é sem desprimor para as outras três, suas congéneres, um dos monumentos ´´ex-libris” de Barbacena, que obviamente, nos enche a todos, de um reconfortante orgulho; situada na parte sul de Barbacena, da sua construção e da sua história, não existem registos seguros, que nos permitam saber mais do seu passado; uma data incrustada na parede, quase imperceptível, que só olhando atentamente, se dá por ela, assinala o já distante ano, de 1934; pressupõe-se que seja a data da sua construção; já distantes vão os tempos, em que para além de abastecer as pessoas das ruas vizinhas, o seu enorme chafariz, matava a sede aos inúmeros rebanhos e manadas de gado, que a procuravam.
38912431_438540019988287_2122626275666296832_nFonte Nova, ou Fonte do Largo da Feira; feita em mármore moreno, esculpida em estilo moderno, é também linda de se ver, e ornamenta destacadamente, o largo que a recebeu, quando em 1935, foi transladada de um largo da cidade de Elvas, para ali, onde hoje, se encontra; é também conhecida pela fonte das bicas, por ter tido, em tempos idos, quatro lindas bicas, que corriam incessantemente, o cristalino líquido.
Fonte ou Chafariz de Nossa Senhora do Passo,
De arquitectura distinta, construída em alvenaria, tem uma bica apenas, mas, nas sua traseiras, ostenta um amplo e asseado chafariz, onde bebiam animais de grande porte como cavalos, muares e bovídeos. Abastecia também, as gentes das vizinhanças.
Fonte Velha:
Para terminar este curto passeio pelas fontes, às quais tanto devemos, ficarão bem da minha parte, umas palavras simpáticas, assim em jeito de gratidão, à mais velhinha, e menos vistosa das quatro; abastecia o afastado bairro do Rossio, para além das ruas que lhe ficam perto; deu-me de beber, durante 21 anos, e é conhecida, por Fonte Velha; em conjunto com o castelo, apadrinhou o nome de uma rua, que nasce ali e termina, junto ao castelo, e que por isso, recebeu o nome de Rua da Fonte ao Castelo; é vizinha, e abastece o maior lavadouro público, dos dois, que a Vila possui; é também, a única das quatro, que não é abastecida do nascente da chamada “Fonte Sapo”, que dista da Vila, cerca de um quilómetro, por ter a Fonte velha, um generoso nascente, mesmo ali juntinho a ela, que a abastece.
Nos actuais tempos, em que, como quase, por gesto mágico, a água jorra em nossas casas, quase sem trabalho, há gente, que se esquece, das outrora prestimosas fontes da Vila, e eu, agradecido, ao valioso contributo, que os velhinhos fontanários, prestaram a Barbacena, lembrei-me deles e sobre eles escrevi.
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Barbacena,  10 de Agosto de 2018
Fotos de Carlos Catalão Panaças



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