Já o calendário assinalava a segunda metade do século XX, (anos sessenta), ainda elas - embora em número reduzido -, actuavam, na sua acção solidária de ajudar a trazer a este Mundo, os nascituros.
Nesse tempo, o parto, era considerado um fenómeno, natural e fisiológico. Ela a parteira era considerada pela sociedade, uma pessoa, que embora não tivesse saberes científicos, tinha os seus conhecimentos adquiridos na prática, e na acumulação de partos, a que assistia, sendo uns mais difíceis que outros, e também era dona da experiência que passada de geração em geração chegara até ela. Muito raramente, havia partos, para os quais fosse solicitada a presença de um clinico, por iniciativa da parteira. Tal era a autoconfiança, que a estóica e denodada mulher, tinha no seu trabalho.
Por tradição, eram elas, que integrando o cortejo apeado, que levava o novo cristão à pia baptismal - levava-o ao colo até à igreja - , dando cumprimento a uma tradição, cuja origem, se perde na memória dos séculos. Ainda há poucos anos, quando era ainda usual pedir-se a “bênção”ou “bença” como se dizia na minha Vila, às pessoas respeitáveis, e da nossa estima, como pais, avós, padrinhos, tios, etc. etc., se beijava a mão à parteira, que nos abrira os olhos à nascença, e se saudava a mesma, com a expressão vocativa: Dê-me a sua bênção madrinha.
Por outro lado, o facto de ser quase sempre a mesma parteira, que assistia aos vários partos, que a mesma parturiente, em geral tinha, originava entre ambas, uma intimidade e confiança reciproca, que levava, a que as duas mulheres se tratassem amistosamente, por comadres.
Setúbal, 16 de Julho de 2018.PÁGINA INICIAL
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