DESTILANDO POEJOS
Planta vivaz, espontânea e aquática, de aroma agradável e inconfundível, que nos Invernos e primaveras pluviosas, prolifera por todo o Alentejo, quer junto dos rios e ribeiras, ou em vales e várzeas, onde a humidade, se faça sentir.
A ciência de investigação botânica, apelida-o de “Mentha Pulegium”, e também sobre ele diz, que é digestivo, expectorante, antisséptico, que combate o efeito dos gases, no organismo humano, e por isso se diz, que é também carminativo; combate as lombrigas, e outros vermes, que se instalam nos intestinos dos mamíferos, ser humano incluído, e por tal, é denominado de vermífugo.
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Atrevo-me a dizer, que não haverá nenhum alentejano, que se preze, que não conheça, esta simpática planta aromática, que tão utilizada é, nas cozinhas, das terras do sul. Quem haverá, que tenha nascido, e vivido no Alentejo, que não se tenha já refastelado, com uma aromática e saborosa açorda, na qual, é o poejo principal condimento..? Só quem nunca saboreou uma carpa ou um achigã, (peixes de água doce), grelhados e temperados com molho de poejo, que lhes dá aquele sabor divinal, poderá dizer, que não conhece a simpática planta.
É na área da culinária, que a aromática erva, é mais conhecida; porém, o seu aroma, a delicadeza da sua textura, e a facilidade com que se reproduz, quando o tempo lhe corre de feição, foram argumentos bastantes, para que outros sectores das áreas industrial e comercial, o passassem a utilizar, como matéria prima, quer no ramo da perfumaria, ou como essência, de um produto licoroso, de sabor intenso, e divinal, ou seja, o nosso bem conhecido, licor de poejo. Muitas pessoas, embora de forma artesanal, dedicam-se á produção do apreciado nectar, e que em situações especiais é servido á mesa, como digestivo.
Depois deste arrazoado todo, e continuando a dissertar, sobre a emblemática planta, que em determinados anos, aromatiza os campos alentejanos, apelava agora, para as memórias dos meus amigos barbacenenses, (os mais antigos),para em conjunto, recordarmos uma destilaria, que no princípio da década de sessenta, foi instalada na zona de Barbacena, em plena herdade de Fontalva, junto á confluência das estradas do Poço da Curva, que dá acesso, ao palacete, e a outra estrada, que tem o estranho nome de Pouca Vergonha, junto às antigas instalações pecuárias, num local a que vulgarmente, nós chamávamos ´´Pista´´; montada em plena várzea, onde abundava a matéria prima de que dependia, laborava dia e noite, uma rudimentar fabriqueta de destilação de poejo, que logo de seguida, foi apodada de «fábrica do poejo».
A elevada taxa de desemprego, que tal como hoje, se verificava na região, mas que todavia, e ao contrário do que se verifica actualmente, não tinham os indivíduos desempregados, direito a qualquer subsidio, fazia aumentar o enorme contingente de desempregados, que ora montados em bicicletas, ora a pé, acarretavam a bem cheirosa planta, que tinham ceifado, e que já em estado de floração, estava pronta para ser destilada; percorrendo por vezes enormes distancias, através das herdades vizinhas, e a troco de uns míseros ´´patacos´´ vendiam na fábrica, o poejo espigado. O resultado final, ou sejam as consideráveis quantidades de liquido obtido, depois da destilação, era enviado para outras unidades de tratamento onde certamente eram obtidos derivados bem cheirosos, e outros de sabor divinal.
Carlos Catalão Panaças
Setubal,Quarta-Feira, 20 de Fevereiro, de 2019, ás 11H05
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