PELOS CAMINHOS DA FÉ
Barbacena dista do santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa, algumas dezenas de quilómetros; porém, tal distância, não obstou que durante vários anos, durante as décadas de setenta e oitenta do século XX, um grupo de peregrinos barbacenenses, devotos da veneranda imagem de Nossa Senhora da Conceição, coroada Rainha de Portugal, em 1640, pelo Duque de Bragança, no dia em que ele próprio, foi indigitado para ser rei de Portugal, e que viria a ser o nosso Rei D. João IV, com o cognome de “O Restaurador”, percorresse, essa distância, que separa Barbacena, daquele santuário alentejano.
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Todos os anos, em data previamente agendada, este grupo de caminheiros peregrinos, composto por gente jovem e outros menos jovens, cumpriu religiosamente esta jornada de fé, e com mais ou menos sacrifício, atingiam o objectivo, ficando reconfortados, por tal.
Atravessam herdades, evitando estradas com muito trânsito, ultrapassavam ribeiros e barrancos, por entre poisios, alqueives, e restolhos, cruzavam-se com gentes laboriosas, que nos campos, trabalhavam as terras, e ao atravessarem aglomerados populacionais, contactavam com as pessoas dessas terras, que os incentivam a prosseguir na sua jornada de fé. Caminhavam por vezes, com algumas dificuldades físicas, mas a fé, de que iam imbuídos, e as incumbências que levavam, de pagarem certas promessas, por parte de alguns familiares mais idosos e debilitados pela doença, que já não suportavam a jornada, davam-lhes força anímica, para levarem de vencida a difícil tirada, e saldarem a divida contraída com a Padroeira, que tinha acedido á diversas preces, e lhes tinha concedido a graça solicitada.
As imagens que anexo, e que nos recordam esses crentes caminheiros, alguns dos quais, já partiram para a jornada final, foram obtidas em momentos de pausa, depois das frugais refeições, usufruindo das frondosas sombras das azinheiras.
Nesta época, em que se realizavam estas peregrinações, era pároco em Barbacena, o Reverendo Padre, Francisco Bento, que em simultâneo, era ele também, um impulsionador destas iniciativas, que envolviam pessoas de todos os grupos etários, da nossa Vila.
Desses tempos de boa memória, em que reinava a jovialidade, e o bom hábito de percorrer os alentejanos caminhos da fé, restam para além de alguns romeiros, felizmente ainda vivos, muitas saudades daqueles que já partiram e participaram nestas caminhadas de fé; para atestar essas jornadas de peregrinação, houve alguém, que religiosamente, guardou estas poucas fotografias, mas, portadoras de uma saudade, que o tempo, esse audaz inexorável, não consegue diluir.
Setúbal ,12 de Agosto de 2018
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