OS CORDOEIROS
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Fabricavam estes artífices nómadas, todo o tipo de cordas, cabos, arreatas, rédeas, redes e outros apetrechos, tão usados naquela época, quando a lavoura mecanizada, era ainda uma miragem. Percorriam centenas de quilómetros, porfiando o trabalho, onde o houvesse, e a quem lho confiasse, pois que o mesmo, nas suas terras de origem, escasseava.
Apareciam em todas, ou quase todas, as herdades, mas FontÁlva, Pena Clara, Torrão, Maria Ribeiras e Morenos, eram as suas clientes eleitas, pelo número substancial, de trabalhos encomendados aos mestres cordoeiros.
Munidos de complexas máquinas, movidas á manivela, teciam pacientemente, as diversas matérias-primas, e sempre torcendo e tecendo, faziam nascer, robustas cordas; os materiais utilizados no fabrico do cordoame, que iam torcendo com a paciência e minúcia, que a arte exige, eram os mais diversos; a abundante junça, que crescia pujante, na orla das ribeiras, era entre as demais, a matéria-prima mais usada, devido á abundância, e á facilidade, com que se obtinha; era esta planta, depois de seca humedecida, para não quebrar, utilizada no fabrico de rédeas e arreatas, para os animais de tiro; do cabelo das rabadas do gado equídeo e bovídeo, também faziam os artífices cordoeiros cordas e cabos, bastante resistentes, para susterem carradas de cereais, fenos, cortiças e outros produtos. O linho, e o sisal, embora mais escassamente, entravam também no fabrico de cordas e cabos, ais finos e delicados.
Escritores como: Alves Redol, em «A Fanga», Soeiro Pereira Gomes, em «Esteiros» José da Silva Picão em «Através dos Campos» e mesmo José Capela e Silva em «Ganharías», que nas suas obras enaltecem o prestimoso e muitas vezes, hercúleo trabalho das gentes laboriosas das zonas rurais; porém, só Silva Picão, na sua completa obra aborda, embora de forma discreta, os trabalhos destes artistas que vinham da distante Galiza, fazer cordas, cabos, e redes às herdades alentejanas.
Hoje, foi deles, que me lembrei.
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