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Oratórios

ORATÓRIOS
40467637_458082061367416_5858834651627388928_nPodemos dizer, sem receio de errar, que ainda alguns persistem, nas casas mais antigas, por esse Alentejo fora, incluindo Barbacena, onde seriam noutros tempos, poucos os lares, que não tivessem, este lugares de culto, inseridos, na sua arquitectura. Refiro-me, como certamente já terão inferido, aos chamados oratórios, que mais não eram, que pequenos nichos, escavados, na grossas paredes de “taipa” ou “adobe” ainda hoje existentes, no sul do nosso País.
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As donas de casa, mormente as mais idosas, quando algo de anormal, que não tivesse resolução através dos métodos considerados normais, recorriam ao divino e transcendente, recolhendo-se em oração, prostradas de joelhos, junto ao nicho, onde morava o santo, seu eleito, encomendando através dos seus salmos e preces, ao seu oráculo eleito, o motivo, a pessoa ou o objecto, que precisava no momento, de protecção do Além.
As epidemias, o parto de uma de uma filha ou neta, as guerras, ou a vulgar trovoada, eram razões passíveis de encomendação ao santinho de eleição das crentes donas de casa, que ajoelhadas, junto ao pequeno habitáculo alumiado com a ténue luz da candeia de azeite, ou na sua falta, com velas de cera, faziam as suas orações, cuja ladainha dita em Português arcaico, estava eivada de palavras impercetíveis, das quais nem elas próprias, saberiam certamente, o seu significado; porém, Deus, na Sua infinita sabedoria e bondade, provavelmente entendia as estafadas e enfadonhas lengalengas, e deferia, na sua grande maioria, os inúmeros pedidos, que Lhe eram enviados. Várias vezes, me foi permitido assistir, a alguns desse rituais de pura fé, em que uma dessas crentes, senhora minha vizinha, na Barbacena de então, nos chamava a nós crianças, para junto do nicho onde estava instalado o ícone que intercedia por nós, para em uníssono, soletrarmos ferverosas orações, quando o ribombar dos trovões, e os intimidantes relâmpagos, mais intimidavam.
Depois, quando a tormenta amainava, tínhamos que agradecer ao nosso ´´procurador´´ divino, que lá do Alto, nos tinha representado, junto do Omnipotente Pai, e enquanto o medo nos ia abandonando, era um alívio, ouvir a velha senhora, dizer, que já não havia mais tempestade, que o vento, já não soprava do “lado do pégo”, que o sino da igreja matriz, já se ouvia novamente, o que era o sinal da bonança, que voltava.
Certamente, que os poucos santinhos dos oratórios ainda existentes, ´´ouvirão´ ´algumas preces quase idêntica as, ás do antigamente, pois as aflições de nós mortais, prevalecerão, enquanto o Mundo existir.

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Barbacena,  01 de Setembro de 2018

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