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Menino Jesus. O Bom Ladrão

MENINO JESUS. O BOM LADRÃO

48406887_525477154627906_7026513908676427776_nAntes de esta sociedade moderna e consumista, ter elegido um tal Pai Natal, para distribuir as prendas aos mais pequenos, nessa noite especial, que é a noite de Natal, era essa, figura terna, e carinhosa, que nos inspira a candura e a inocência, e a que o Mundo Cristão, convencionou, chamar Menino Jesus, que se encarregava de distribuir por milhões de sapatos dispostos previamente, nas chaminés dos cinco continentes, pelos destinatários, que pelo menos nessa noite sagrada, idolatravam, o generoso visitante, os brinquedos e outras lembranças que dias antes Lhe tinham pedido. Eu, próprio, bem como todos os rapazes e raparigas do meu tempo, recebemos as minguadas oferendas (os tempos eram de contenção) trazidas através das chaminés, que embora carregadas de fuligem, provocada pelo fumo da lenha verde de azinho, era o caminho que o sagrado viajante utilizava, para chegar a nossas casas.


Contava-se na época, um conto de Natal, que tentava e conseguia, enaltecer o infindável amor abnegado e misericordioso, que Jesus, tem pelas crianças, especialmente, as mais pobres e desprotegidas.

Contavam as narradoras da lenda, que eram as senhoras idosas, lá pelas soalheiras, da minha terra, que o Bom Jesus, numa dessas tais noites de Natal - antes de ser saneado, e substituído, por esse tal gorducho, vindo da Lapónia -, já depois de ter distribuído todas as prendas, e já de regresso a casa, ao passar numa rua, onde pernoitavam muitos indigentes, mendigando algo a quem por ali passava naquela noite Santa, fixou o olhitos nos pés descalços, de uma criança, que tiritava de frio, e dormitava, denotando, que estava ali constrangido, e em sofrimento; Jesus condoeu-se do petiz, mas como já não tinha sapatos alguns, para lhe oferecer e diminuir o seu sofrimento, resolveu engendrar um plano, que embora não se coadunasse com o seu carácter, o deixaria em paz com a sua consciência. Lembrou-se o Bom Messias, que momentos antes, tinha deixado numa chaminé ali próximo, um lindo par de sapatos de verniz, a um menino rico, que lhos tinha pedido, havia dias, mesmo sem deles necessitar; num ápice, e de mansinho, sem que ninguém da opulenta mansarda, desse por tal, extorquiu os lindos sapatos e foi calça-los ao jovenzinho mendigo, que por momentos, foi feliz. Mal sabia Jesus, que aquela criança pobre era filha de uma mãe desnaturada, cabecilha ou empreiteira de uma rede de exploração de mendicidade, que tinha quatro filhos, aos quais explorava indecente e vergonhosamente, obrigando-os contra a vontade dos mesmos, a mendigar a desoras, em locais onde houvesse mais pessoas; os óbolos obtidos pelos filhos eram gastos por ela, em seu próprio benefício. Mal viu os sapatos nos pezitos do filho tirou-lhos e foi vendê-los a uma casa de penhores.

Mal sabia Jesus, que o seu pouco habitual e generoso, acto de tirar algo a uma criança, para dar a outra, que mais precisava, se tornaria inútil, como inútil se tornou o gesto de amor incomensurável Dele próprio, que ao ser crucificado e ao morrer para bem da Humanidade, esta continua eivada de maldade, crime, ódios e guerras.

E, era assim, que as bondosas senhoras idosas, que faziam meia, lá pelas soalheiras de Barbacena, nos contavam estas lendas, similares desta, que eu, adaptei para conto de Natal, com que vos quero brindar a todos.

Carlos Catalão Panaças

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Setúbal , 22 de Dezembro de 2018


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