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 SE NADA MAIS SOUBERES AO MENOS
CONHECE A HISTÓRIA DA TUA TERRA


Há lendas, Que São Diferentes de Outras Lendas


HÁ LENDAS, QUE SÃO DIFERENTES, DE OUTRAS QUE CONHECEMOS.


moura4Todos nós, temos uma natural tendência, para que logo que oiçamos falar em lendas, e ouvimos por acaso, contar alguma em pormenor, a classificarmos, como algo irreal, acontecimento, pouco provável de ter acontecido, devido aos factos nela narrados, que são por vezes pouco passíveis, de terem sido praticados por qualquer ser humano, tal como nós o conhecemos, nos dias que correm, ou mesmo em tempos muito remotos.
Faço este curto comentário, para dizer que há bem pouco tempo, desfolhando um dos livros da colecção “Lendas de Portugal”, que “jaz”numa pequena biblioteca que tenho, deparei com uma, que logicamente, despertou a minha natural atenção, porque, segundo o narrador, a acção nela descrita, ocorreu durante o reinado de D.Sancho II, em 1223, durante a Reconquista Cristã da Península Ibérica, até então, dominada pelos Sarracenos (Moiros), e sem qualquer, laivo de dúvida ou exitação, por parte do contador, a mesma terá acontecido, num dos locais de peleja, entre Cristãos e Moiros, que já na época, se chamava Barvacena, com um “V” em lugar do “B”, como aliás, uma lápide incrustada na frontaria da igreja Matriz, daquela Vila, o atesta.

Diz a páginas tantas, o narrador, que dois jovens, ambos nados e criados, naquela terra, ele cristão, de nome Egas, e ela chamada Salúquia, moira, filha de um emir, que, aquartelado no velho castro da povoação, resistia, aos ataques dos Cristãos, se apaixonaram loucamente, logo que se avistaram junto ao castelo; mal podiam adivinhar, que, com aquele natural impulso amoroso, estavam a traçar o seu destino trágico, pois logo que, o emir e os chefes do califado maometano, da região souberam, seviciaram até à morte, a infeliz Salúquia, que apenas ousara, amar um jovem, que não era da sua religião.
Como atrás disse, a grande maioria das lendas, são vulgares fábulas, às quais devemos dar o crédito, que o nosso critério ditar; mas esta, talvez por ter tido como cenário, uma localidade, cujo nome já foi Barvacena, escrita assim com um “V” e que já foi, um califado da moirama, resolvi, eu contá-la, assim em sextilhas:
A lenda, sempre a narrar,
Diz, que uma moira inocente
Dona de tez e face morena
Foi morta, só, por amar
Um cristão, moço valente
Que havia em Barvacena.

Diz-se, que em noites de luar,
Ali, junto ao velho torreão
Do castelo, nobre e forte,
Se ouve, a moira a gritar
Pedindo ao moço cristão,
Que a venha salvar da morte

Depois, num tom mais singelo,
Diz a antiga lenda, que afinal,
O cristão, cheio de nobreza
Foi morrer, junto ao castelo
Num combate bem desigual,
Por amor, da sua moira, princesa

Diz, que mais tarde, ao sol-pôr
Ao bater das cristãs, Ave- Marias,
As lindas moiras, lacrimejantes,
Tangendo vistosas liras de amor
Iam cantar, maviosas melodias,
Junto à campa dos amantes.

Desde então, eu acredito,
Que herdámos esse legado
Deste exemplo, em cantilena.
E que é sempre mais bonito,
Quando em silêncio, é contado,
Na tal, cristã e moira, Barbacena.

Setúbal, Sábado, 16 de Fevereiro de 2019

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