ÁGUA MEL, E PENICOS DO REDONDO..
Calcorreavam todo o norte alentejano, com as suas récuas de burros, atrelados uns aos outros, caminhando em fila indiana, carregados de loiça, acondicionada em palha, contida em enormes gorpelhas, vindos da vila do Redondo, tentando levar de vencida, os escolhos que a dura vida, desses tempos, tão acremente, lhes proporcionava; palmilhavam as estradas, veredas e carreteiras, para atingirem os montes, lugarejos, aldeias e vilas, onde os clientes os esperavam.
Viviam ausentes das famílias, durante várias semanas seguidas; como tantas outras, também a vida destes comerciantes ambulantes de loiça rústica vidrada, era dura.
Manhã cedo, entravam em Barbacena, cumprindo a escala mensal, que quase religiosamente, haviam muitas décadas, era hábito fazerem; não tardava, que por toda a Vila, se ouvisse o corriqueiro pregão, que toda a gente, já sabia de cor, e que, cantarolando, naquele dialecto tão característico das gentes redondenses, ainda tornava mais agradável aos nossos ouvidos, era assim:
-Oh freguesa... trago alguidares, panelas, cântaros, água mel e penicos do Redondo..!
A brejeirice popular, aproveitando o facto de algumas das peças da mercadoria trazida pelos louceiros serem panelas, logo, sem delongas, os apodaram de “paneleiro”, alcunha essa, que os pobres vendedores ambulantes, interpretavam como ofensivas, como é lógico.
Não raramente, nos era proporcionado, podermos assistir ao dirimir de argumentos, que pelo tom, e termos utilizados na discussão, nada dignificava os seus autores. Tudo começava, quando alguma freguesa, inadvertidamente, ou talvez por brejeirice, perguntava ao louceiro:
-Oh senhor paneleiro, tem panelas..?
A resposta surgia imediata, naquele tom melodioso, como só os redondenses, sabem dizer:Arre burro, que com p...s não se conversa..!!
Invariavelmente, tudo acabava em bem, e os litigantes, acabavam por negociar um com o outro, esquecendo a linguagem vernácula, brejeira e descabida, utilizada na discussão.
Hoje, já não se vêem mais, as extensas filas ou récuas de burros, atrelados uns aos outros, em fila indiana, carregados com enormes gorpelhas, pejadas de variadas peças de loiça rústica, das olarias do Redondo, que era vendida nos montes, lugarejos, aldeias e Vilas, lá pelo norte alentejano, antes de aparecer o tão utilitário, mas poluente plástico; assim, deixámos de ver por lá, os louceiros, que vinham do Redondo, vender entre outras peças, as utilitárias panelas, as quais davam azo, a que algumas clientes mais distraídas ou amigas da brejeirice, chamassem “paneleiros” aos seus vendedores.
Hoje, já não se vêem mais, as extensas filas ou récuas de burros, atrelados uns aos outros, em fila indiana, carregados com enormes gorpelhas, pejadas de variadas peças de loiça rústica, das olarias do Redondo, que era vendida nos montes, lugarejos, aldeias e Vilas, lá pelo norte alentejano, antes de aparecer o tão utilitário, mas poluente plástico; assim, deixámos de ver por lá, os louceiros, que vinham do Redondo, vender entre outras peças, as utilitárias panelas, as quais davam azo, a que algumas clientes mais distraídas ou amigas da brejeirice, chamassem “paneleiros” aos seus vendedores.
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