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Largo do Santo Mártir

Largo do Santo Mártir

É sem sombra de dúvida, uma das mais vistosas, e requintadas "mais valias" da Vila; ali, se realizaram outrora, vários eventos de cariz lúdico e cultural.

Como vem sendo anunciado, vai em breve, (lá para Outubro) servir de palco e em conluio com o vetusto castelo, ser cenário dos festejos, que se adivinham faustosos, e que vão assinalar, indelevelmente, os quinhentos anos do foral novo, concedido à Vila.


Durante décadas, uma placa esmaltada, dava-lhe um nome, de um governante nosso, de triste memória, que talvez pela pouca aceitação que teve junto do povo, nunca se tornou curriqueiro, e numa manhã de Primavera, a dita placa desapareceu, dando lugar a outra, onde se lê: Largo do Castelo.
Desde sempre, foi por esta designação conhecido, no seio da população da Vila, por ali se situar em tempos idos, a capela, onde tinha o seu altar o Santo Mártir Sebastião. Havia quem, se referisse a este espaço, que modernamente, tem na toponímia local, o nome da Largo do Castelo, por «Santmartel», talvez por ter sempre a população sabido manter a transmissão oral de geração em geração o facto de o Santo ali ter morado e a designação adoptada, para aquele local.
Para um natural de Barbacena, falar sobre este espaçoso largo, tem que forçosamente, falar sobre o velho castelo, sobre a capelinha, que depois da saída do seu Orágo, para a Igreja Matriz, e antes de ser casa mortuária, foi a residência do primeiro, e único médico residente, que Barbacena teve, durante toda a sua existência, e que veio nos anos cinquenta, expressamente, de Lisboa, para servir exclusivamente os habitantes da Vila que rondavam nessa época, os três milhares. Chamava-se este jovem clínico, Luís Eugénio Pita de Avilez, e não escapou á mobilização, geral dos anos 60, tendo sido visto, por alguns barbacenenses, que se cruzaram com ele, já como capitão médico, servindo em hospitais militares, em África.
Falar do Largo do Santo Mártir, é lembrar os bailaricos dos Santos Populares, pois era ali que eram montados vistosos mastros, e cujos arraiais, tinham nessas noites de folia, grande afluência de foliões da terra e de terras vizinhas.
Era ali, que durante os meses de Verão, eram exibidos o cinema mudo, e os documentários que os departamentos da propaganda do Estado Novo exibiam, pelas terras do interior.
Era também este Largo, o local, onde a garotada, desde tempos recuados, estabeleceu uma fronteira virtual, que na mentalidade inocente, dividia a vila em duas metades; a parte nascente da Vila, ou seja: o Rossio ficava assim independente da outra metade, a que se chamava a Vila; por vezes criavam-se situações embaraçosas, entre os pequenos habitantes das duas partes, que eram resolvidas com uns «caldunços», e pouco mais.
Servia também, este emblemático recinto, de «ginásio» para os rapazes adolescentes, que nos dias de Verão e nos Domingos de folga, jogavam os jogos tradicionais, como o salto simples e triplo, lançamento do peso, cujo objecto a arremessar, era um mero pedregulho, jogavam a «mitra», «mosca» e ao «eixo».

Era também lá, que os namorados esperavam a moçoilas, que de cântaro á ilharga, iam à Fonte Velha, recolher água para os gastos de casa.
Hoje tem o Largo do Santo Mártir, ali instalado um moderno e espaçoso parque infantil, que apesar de lhe dar um certo aspecto mais airoso, lhe retirou aquele charme, que tanto o valorizava.


Barbacena, 16 de Julho de 2019










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