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As Antigas Tabernas da Vila


AS ANTIGAS TABERNAS DA VILA

Eram várias naquele tempo, talvez doze ou treze, as velhas tabernas, que havia na minha Vila, e que muito embora, estivessem conotadas com locais pouco recomendáveis, para a permanência de menores e adolescentes, era lá no seu interior, naquele ambiente de são convívio, que nós os mais novos nos sentiam. Mais confortáveis a ouvirem os mais adultos, que falando de tudo um pouco, nos transmitiam vivências, com as quais aprendemos, e nos foram úteis em certas ocasiões.
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Das chamadas tabernas tradicionais de Barbacena, nenhuma delas, sobreviveu, à promoção natural, de que as suas congéneres dispersas por este País, usufruíram, ao serem classificadas como cafés, na passada década de setenta.Com o falecimento dos seus proprietários, também eles esses antigos centros de convívio, e lazer, foram lentamente desaparecendo, não existindo hoje, uma que seja, em Barbacena. De entre essa dezena e tal de tascas, que funcionavam na Vila, no final dos anos sessenta, do último século, havia duas ou três delas, que eram as preferidas da clientela mais jovem, por terem as mesmas, salas de jogos anexas, onde, para além das conversas, ou de alguma contrata para os trabalhos agrícolas feitas pelos encarregados, que ali procuravam possíveis ganhões, também haviam salas de jogos de matraquilhos e outros jogos de bilhar russo, vulgarmente conhecidos por "laranjinha"; refiro-me às tabernas de Pedro Catalão, e à de João Simões, vulgo "Pataquinha", estando esta última situada no largo fronteiro à igreja matriz, e a de Pedro Catalão na Rua das Madeiras, ali pertinho, da Praça do Pelourinho.

Na taberna do Pedro Catalão, que com o seu bigode retorcido, impunha o respeito na sala de jogos anexa à taberna, quando algum de nós dos mais novos infringia as regras de boa conduta.

Espalhadas pela Vila, havia algumas mais dessas tabernas tradicionais, onde se bebia vinho tirado directamente do barril, de madeira, que em cima do cavalete estava exposto, por detrás do balcão. Junto ao Ribeirinho, no Largo do Castelo, para além da tasca do Zé do Gajo, (José Sovela), havia a velha taberna do Noivo, alcunha de há muito, atribuída ao Sr. João Barata; a taberna do Noivo tinha anexas, a mercearia, e salsicharia. Ainda no mesmo Largo do Castelo, houve em tempo, uma outra taberna, de que eu me lembro bem, e que era propriedade do Sr. João dos Reis, onde os homens mais velhos jogavam cartas, e faziam descantes, também se cantava e bebia bom vinho na taberna do João Ástias, na Rua Dr. José Sequeira, ali ao lado do actual Café pastelaria, Nossa Senhora do Paço.na Praça do Pelourinho, havia para além da taberna da família Gadanha, vulgarmente chamada de taberna do Salgado, a taberna da família Maneta, onde se reuniam, para além do regedor Valentim, outras figuras gradas da Vila. Taberna antiga e bem tradicional, era a do Sr. Manuel da Cândida, que ali à Rua das Madeiras, se manteve a funcionar, mesmo depois da morte do seu proprietário, pois as suas duas filhas, mantiveram-na a funcionar, ainda mais alguns anos. As mais antigas tabernas de Barbacena eram as do Sr. Henrique Barata, e a do Sr. João Carvalho (Canhinhas), a primeira localizada no Largo da Feira, junto à fonte, e esta última, na Rua das Trincheiras, que tal como as outras, fecharam, dando a vez aos modernos cafés, que existem na Vila.

Setúbal, 10 de Agosto de 2019






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