Solidão
Olho para ela, e ela, olha em direcção ao horizonte....
Nela, vejo as desesperanças, de quem, já lutou na vida;
Apego-me às memórias, das histórias, que ela me contou;
Histórias tristes, de velhas canções, de amores, não correspondidos, e de outros, que só foram ilusões;
Contemplo o seu olhar cansado, as mãos calejadas a mente, que não esqueceu ainda o passado; todavia, não se lembra, do presente.
Vejo naquelas faces, uma velhice esquecida... um triste fim...
Fim da clausura, em lugares sombrios, que só trazem dor....
Pergunto-me:
- Porquê.
Porquê um filho, um neto, não lhe têm amor..?
Esquecidos...!!!
No horizonte da vida, só lembramos, do outro lado do muro;
A vida acontece, continua...
No outro da rua, a juventude avança...
Esquece-se, que a história, fabricada hoje, se repetirá...
Amanhã, se sentirão sós, relegados, deprimidos, mergulhados na solidão.
Quem leia o livro «A chama de uma vela», de Gaston Bachelard, fica a saber mais, sobre a solidão; a chama de uma vela, por oposição às luzes das lâmpadas eléctricas, é sempre solitária.
A chama de uma vela cria em seu redor, um círculo de claridade mansa, que se perde na sombra; em seu redor, só há sombras e silêncios; nenhuma fala, ou riso, para perturbar a quietude que se gera em redor, da chama de uma vela, que abraça a escuridão, ou seja o vazio, a tristeza, a solidão.
MUDANDO O ESTILO
Boa noite solidão...
Vi entrar pela janela,
O teu corpo de negrura
Quero dar-me à tua mão,
Como a chama de uma vela
Dá a mão à noite escura
Só tu sabes solidão,
A angústia, que traz a dor,
Quando o amor, a gente nega
Como quem perde a razão,
Afogamos o nosso amor,
No orgulho, que nos cega.
Os teus dedos, solidão...
Despenteiam a saudade,
Que ao duro silêncio, apela
Espalhas saudades, pelo chão
E contra a minha vontade,
Lembro-me, que trazes, mazela.
Com o coração na mão,
Vou pedir-te, sem fingir,
Que me valhas, na procela
Boa noite, solidão,
Agora, quero dormir,
A vida, sem ti, é bela..!!
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