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As cavalhadas



As cavalhadas, o pau do sebo, e o vencedor imprevisto

Não são passados muitos anos, desde que, pelas anuais festas da terra, ainda faziam parte dos diversos divertimentos, com que a comissão de festas nos brindava, as cavalhadas ou burricadas, como muitos lhes gostavam de chamar. Outro destes jogos tradicionais, que durante alguns anos, também foi praticado durante as festividades, era o pau do sebo, jogo esse, que fora ´´importado´´ do Ribatejo, pelo presidente da Junta de Freguesia, de então, e membro da comissão de festas, que por lá viveu durante largos anos, e que tal como este divertimento, trouxe para Barbacena, outros usos e costumes, da gente da borda de água.
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Enquanto, para se participar no jogo das cavalhadas, o concorrente, teria que possuir montada, quer fosse cavalar, muar, ou asinina, para que de cima do dorso da montada, tentar partir as panelas de barro, dependuradas nos mastros do arraial, e que depois de partidas com uma pancada de varapau, vibrada pelo cavaleiro, despejava para cima do mesmo, o prémio nela contido, que tanto podia ser um belo banho de água, ou farinha, como um apetecível e generoso prémio pecuniário. O jogo do ´´pau do sêbo, tinha outras regras, e não era qualquer pessoa, que se atrevia, a nele participar, devido á enorme dificuldade que os jogadores enfrentavam, para o subir, missão essa, que exigia perícia e agilidade necessárias, para escalar um mastro com mais de cinco metros de altura, besuntado de alto a baixo, de sêbo, o que para além de dificultar ainda mais, a subida, sujava e de que maneira, as vestes dos escaladores.
Tornava-se muitas vezes hilariante verem-se as artimanhas dos forasteiros, que vinham de terras vizinhas, arrogando-se muitas vezes de serem peritos na escalada do “pau do sebo”, e ganhadores dos apetecíveis prémios, que consistiam no tradicional bacalhau, um pão alentejano e ainda um garrafão de vinho; se conseguiam, nos outros arraiais, chegar ao ponto mais elevado dos mastros, não sabemos, mas que naquele ano, da década de oitenta, nas festas de Barbacena, e depois de cerca de uma vintena desses trepadores, terem sujado as vestimentas, em tentativas frustradas, o bacalhau, o pão e o garrafão, continuavam intocáveis, lá no cimo, a assediar, os candidatos, os quais iam sucessiva e paulatinamente, abandonando a ideia de, que conseguiriam chegar ao cimo do pau. Foi então que de entre a multidão que assistia, um adolescente, franzino, filho da terra, e que até ao momento, se limitou a observar o andamento das várias tentativas, dos inúmeros candidatos, se inscreveu, para concorrer, ao mesmo tempo, que ia dizendo, aquela frase batida que é:
- Deixa-os poisar..!
E, repetia vezes sem conta:
- Depois de poisados, eu apanho-os á mão..!
 Confesso que pensei, na altura, que era mais um candidato que não conseguiria, trazer o avultado farnel, até ao chão; enganei-me, pois o Francisco Nota, do qual junto uma fotografia, e que há pouco tempo, me deu a alegria de se vir juntar ao meu rol de amigos, em duas penadas, se guindou até ao pino, e atirou com os prémios para os braços do pai, Alberto, que os esperava cá em baixo.
Confesso, que fiquei satisfeito, com a atitude do Francisco, que soube esperar pela sua vez, e sem alardes, fazer aquilo, que tantos tinham tentado e não tinham conseguido.


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