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Barbacena: dos tempos áureos aos dias de hoje


BARBACENA 
DOS TEMPOS ÁUREOS, AO DIAS DE HOJE

A história de Barbacena, passa de certo modo, ao lado da história geral do concelho de Elvas. Não se deve ignorar o legado histórico de Barbacena, que desde a nobre Vila, com pergaminhos junto da Coroa Real Portuguesa, não é hoje, mais, que uma pequena Vila, com estatuto igual a tantas aldeias, do heroico Alentejo. De facto, desde o século XIII, que esta terra, se afirmou como uma Vila de matriz aristocrática, uma vez, que desde a sua fundação, a nobreza da Corte, ou os homens ricos da terra, vinham sendo, os grandes senhores de Barbacena, nela exercendo a sua hegemonia, sobre a plebe.
Alguns documentos arquivados no Arquivo Geral da Torre do Tombo, dão-nos conta, da importância que Barbacena tinha, junto da corte, naqueles tempos; assim, se refere na carta de doação a Esteve Annes (1251) um documento, onde o poder régio, lhe confere a capacidade de governo próprio, e fora do contexto e influência do poder do Rei. A carta foral de 1289, confirma aquela doação de terra rica de pão, azeite, linho e fruta.
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Durante as Guerras Fernandinas, (Crise de 1383), o primeiro incidente registado entre o poder régio e o poder central de Barbacena, dá-nos conta de que o então senhor poderoso da Vila, estranhamente, toma partido por Castela, para onde seguiu com a criadagem, o que determinou a confiscação, da localidade, que volta ao poder da Coroa, durante duas gerações; na verdade, mais uma vez, os particulares voltam ao governo da Vila de Barbacena; depois, entre vários documentos, a que tive acesso, no imenso Arquivo Geral, alguns dos quais já bem antigos, escritos num português arcaico e com os carateres, já muito sumidos, consegui depreender que em 1575, um senhor feudal compra a Vila, por 28.500 cruzados, embora na época, não tenha obtido com essa compra, os direitos de jurisdição, e administração, prerrogativas, que vem a conseguir, no fim da sua vida terrena, em 1612; a partir de então, Barbacena, passa para o domínio da família Furtado de Mendonça, a qual sustenta o governo do então condado, durante cerca de duzentos anos.

Mantendo-me fiel á transcrição do que recolhi no citado acervo central, direi que a nossa terra resistiu estoicamente aos cercos de 1660, 1708, e 1712, perpetrados por Castela, assim como aguentou o efeito nefasto, das incursões francesas, no principio do século XIX, onde as gentes dos campos, tiveram um papel preponderante, na expulsão dos intrusos usurpadores.
Em pleno Liberalismo, durante a Guerra Civil que opôs os dois irmãos Pedro e Miguel, com o apoio que as gentes de Barbacena deram ao poder absolutista de D. Miguel, e posterior vitória das hostes de D. Pedro, mais uma vez, Barbacena foi afrontada, com o saque ao Arquivo do Cartório da Vila, e a extinção do concelho de Barbacena (1836); nessa época, tal como nos dias que correm, Barbacena, ficou quase sem gente, pois há registo, de que inúmeras famílias de origem barbacenense, se ausentaram dali, fugindo á retaliação do rei liberal, D. Pedro IV; era o princípio do fim, para uma terra, de gente heroica, que sempre viveu do trabalho da terra.
Já no século XX, durante a sua primeira metade, teve essa gente heroica, que contra ventos e procelas, permaneceu na sua terra, que enfrentar dois terríveis flagêlos, que foram a peste pneumónica e o Bacílo de Kock, ou seja a terrível tuberculose; em ambas as pandemias, houve famílias inteiras que foram dizimadas, completamente.


Em datas já muito próximas da actualidade, algumas passagens escritas em actas da autarquia, da minha terra, manuscritas, utilizando a pena, no sentido literal do termo, e que também constam dos arquivos centrais, li com algum interesse e emoção, o seguinte desabafo de um dos nossos antigos autarcas: «Barbacena, á semelhança de outras muitas terras, deste País interior, só tem servido ao poder central, para cobrar os foros (impostos) da casas e terras, ou para nos vir buscar os nossos mancebos em idade militar, e os enviar para guerras, por vezes injustas..!!».

E..,. são estas, algumas linhas da rica e cativante história, da Vila alentejana de Barbacena, minha terra natal.



Setúbal, Sábado, 28 de Julho de 2018



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