UMA «FEIRA DA VILA» DO SÉCULO PASSADO
Tentando fazer um exercício de memória, que convenhamos, para muitos, não será fácil, vamos recuar na máquina do tempo, quatro ou cinco décadas, e assim localizados na época, situamo-nos em Barbacena, em dias de «feira da Vila»; totalmente diferente dos modernos festejos, que actualmente ocorrem também em Setembro, na nossa terra, aqueles mágicos dias, eram para a população de Barbacena, dias de folguedo e de são convívio, pois eram tempos de reencontro com familiares e amigos, que só se viam por vezes, de ano a ano. Nos lares, festejava-se o evento anual, com os familiares, que vinham de longe. As donas de casa obsequiavam os visitantes, com «rancho» melhorado.
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Alguns pares de namorados, aproveitavam estes dias de festa, para oficializar a união e iam á igreja, casar-se.
Os mais novinhos, andavam numa roda-viva, procurando por todo o lado, padrinhos e tios, a quem pediam a “bênção`” repetidamente, com o intuito de receberem daqueles seus parentes, as ´´feiras``, que mais não eram, que uma parcas moedas, que lhes eram oferecidas, e que logo de imediato, iriam gastar, nos vários lugares de diversão existentes no arraial.
Voltando agora aos folguedos, podemos começar pela grande diversidade de barracas de quinquilharia e marroquinaria, onde as donas de casa iam adquirir grande parte dos utensílios de que necessitavam para o lar; os mais novos compravam com o produto da «feiras» que tinham recebido, brinquedos, tais como um pífaro de barro, uma gaita-de-beiços, ou um carrinho, feito em madeira. Nas barracas de diversões para os adultos, fazia-se tiro ao alvo, e tentava-se derrubar uma pirâmide feita de latas, para se ganhar uma garrafa de sumo; outros ali perto, jogavam matraquilhos. Junto ao barulhento carrossel, Araújo, uma enorme assistência, aguardava a sua vez, para dar uma voltinha sentado numa réplica de uma qualquer fera, feita em madeira.
Durante a tarde, por entre o estalejar dos ruidosos foguetes, ia aos touros, muita gente e a improvisada praça, junto ao castelo, ficava a abarrotar, em todos os três espectáculos.
Na barraca ou pavilhão do Sr. Varandas, que vindo de Abrantes, se encarregava de tirar retratos, ao pessoal, utilizando a sua máquina ”All Minutte”; algumas dessas chapas correm agora mundo, aqui nas ondas do Facebook.
Junto á fonte da Nazaré e nos terrenos anexos, no primeiro de feira logo pela manhã, manadas de gado dos poviais alentejanos, eram transacionados na tradicional feira do gado. Dava gosto, ver e ouvir os ardilosos ciganos utilizando o seu mais vernáculo calão, tentando ludibriar os incautos e honestos homens do campo.
Á noite, nos arraiais, Enquanto no recinto reservado para tal, se dançava, alguns acordeonistas e uma ou duas bandas filarmónicas, deliciavam os ouvidos dos amantes da música, tudo isto, junto a um coreto improvisado.
Tal como hoje, a quermesse, era um dos polos de atracão, dos foliões.
Os arraiais fechavam, com vistosas sessões de fogo preso e do ar.
Era assim, a Feira da Vila, nos anos 50 e 60 na Vila de Barbacena.
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