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LAVADEIRAS






MUITOS POUCOS,NOS LEMBRAMOS DELAS

Já não se vêem, carregadas com os alguidares feitos de pesado barro, cheios de roupa, para lavar nos muitos ribeiros que circundam a nossa terra; trabalho hercúleo, que a par de outras lides ligadas á casa e á família, delas exigia, um esforço redobrado, que enfrentavam, com o conformismo, que lhes era tão peculiar; hoje, talvez saudosos por não haver, já lavadeiras, até os ribeiros, outrora caudalosos, secaram; em homenagem a elas todas, e em preito de gratidão, respeito e saudade, lembrei-me delas, e escrevi, sobre essas heroínas, que foram as:
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LAVADEIRAS AO AR LIVRE

Alguns de nós, ainda delas, nos lembramos.
De mangas arregaçadas, mesmo que a água do serpenteante ribeiro, estivesse gelada, só de quando em vez, se erguiam da posição de ajoelhadas, para ralharem aos filhos, mais pequeninos, que levavam, consigo, e que brincavam entre si, às escondidas, por entre o denso maciço rochoso, que se ergue junto ás margens da límpida linha de água. As peças de roupa já lavadas, eram estendidas na relva, ali perto da pequena represa, ou açude, feito propositadamente, para que as esforçadas lavadeiras, melhor pudessem exercer a sua missão.
Hoje, foi delas que me lembrei, e porque tenho a sensação, que já somos poucos, os que delas nos lembramos, quis recordá-las, assim, sem ser em prosa, tentando, não alterar muito o sentido, que ao iniciar o texto, pensei dar, a esta singela homenagem, às mulheres lavadeiras, que por não terem máquinas de lavar, lavavam a roupa nos vários ribeiros, que bordejam Barbacena:

O chape -chape , sempre constante,
Mercê da esfrega, mais do sabão
Chape, que chape,sôa cantante
Sem que se escape por um instante,
Dos seus ouvidos, esta canção...

E sobre a pedra, todas curvadas
Chape que chape, sem descansar,
As lavadeiras, passam coitadas,
Vidas inteiras, ajoelhadas
Como se a pedra fosse um altar...

Que saudade, eu tenho agora,
Desse esforçada lavadeira,
Por quem o ribeiro chora
Junto ao Penêdo da Figueira,

Lavavam, sempre curvadas,
Ao recordá-las, eu sinto pena,
E serão sempre lembradas,
Por esta gente, de Barbacena..

No Ribeiro da Pontinha,
Lavavam dias a fio,
Naquela água limpinha,
Não temendo o gélido frio.

Hoje, sem água, o pégo acabou,
E eu, bem procuro, esse ribeirinho
Que outrora, tanta roupa lavou,
Hoje, para lá, já não há caminho.!!

Carlos Catalão Panaças
Setúbal, Segunda-feira, 09 de Julho de 2018






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