A BANDA DA COLÓNIA
Quando ontem, lia alguns dos comentários, com os quais, os meus amigos decidiram argumentar sobre a publicação, “Há festa na Vila”, postada por mim, alguém lembrou, em jeito de pergunta, se haveria alguém, que se lembrasse da saudosa, Banda da Colónia Correcional de Vila Fernando; acho eu, bem como, toda a rapaziada da minha “camada”e outros mais, acharão, que aquele agrupamento musical, constituído por rapazes tão jovens, alguns dos quais, ainda imberbes, não poderá ser olvidado da nossas mentes, assim, de ânimo leve.
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Numa breve pesquisa que esta manhã efectuei, na esperança de poder colher mais dados sobre aquela filarmónica, ficaram frustradas, muitas das minhas espectativas, que tinha, de poder encontrar algo que melhor pudesse, ilustrar, esta minha dissertação; como tal não me foi possível, vou em último recurso, recorrer á minha memória, tentando trazer para actualidade, a lembrança, de alguns momentos de puro prazer, que a Banda Filarmónica da Colónia Correcional de Vila Fernando, extinta, há cerca de quarenta e cinco anos, nos proporcionou, em concertos, e outros eventos musicais, levados a efeito, por altura das diversas actividades festivas, organizadas em Barbacena.
Não esquecendo o meu lote de amigos, aqui no Facebook, que porventura não saberão a que banda musical, me estou a referir, direi exclusivamente para eles, que no concelho de Elvas, ali a cinco quilómetros de Barbacena, minha terra natal, existe uma aldeia, chamada Vila Fernando, onde em 1895,foi mandada edificar uma Colónia Correcional, com a missão de reeducar rapazinhos, oriundos de todas as paragens deste País, para os quais, a educação familiar, não tinha sido eficaz, ou talvez, mesmo inexistente; de entre as muitas actividades, que esses jovens eram incentivados a aprender e a exercer, lá dentro, havia essa belíssima arte, da qual Euterpe é deusa, e que se chama música. Como atrás dizia, aquele conjunto de rapazes, todos menores de dezoito anos, (pois, esta era a idade, com a qual os internados saiam da Colónia), ensaiados e dirigidos musicalmente pelo maestro Manuel Marmelo, que uma das fotografias que anexo, embora de forma pouco nítida, nos mostra, marchavam garbosos e afinados, e lembro-me muito bem da sua bonita farda de serrubeco, (isto no Inverno), da qual sobressaía naturalmente, o bivaque, enfeitado com a borla que uma das imagens, representa, e que lhes pendia por sobre a testa, fazendo lembrar o barrete frígio, do busto da nossa República.
Outra das recordações que guardo daquela filarmónica, era o modo afinado, como a meio das interpretações, os instrumentos se silenciavam e das afinadas gargantas dos mancebos, emanava, um canto coral afinado, que dava gosto ouvir; ainda hoje guardo de memória, uma ou duas canções, cantadas por eles.
Porque me estou a alongar, termino, com esta anotação, lida por mim, a páginas tantas, na recolha que fiz, para poder escrever estas linhas: «a preparação e formação musical, dadas aos rapazes, proporcionavam também a colocação profissional dos colonos, à saída, em bandas dos regimentos militares e da Policia”. Mesmo, mesmo, a terminar, sempre direi, da minha lavra: As pouquíssimas mas enriquecedoras, coisas, que o antigo regime tinha, feneceram também com ele.
Carlos Catalão Panaças
Barbacena, 02 de Agosto de 2020
Carlos Catalão Panaças
Barbacena, 02 de Agosto de 2020
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