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Rodopiando com o pião

RODOPIANDO COM O PIÃO


Roda pião, que rodas a dançar,
Nesta minha fértil, imaginação.
Por favor, deixem-me brincar,
Com ele, a rodar na palma da mão.

Roda pião, num rodopio vertiginoso,
Que não te deixa, deixar de rodar.
Não pares pião, e dá-me esse gozo,
De te ver, de pé, feliz assim, a bailar.

18739762_209404642901827_8334918900890896183_nHoje, o jogo do pião faz parte do imaginário, dos gaiatos da minha geração, e de outras anteriores há minha. Esse tão popular jogo de rapazes, que integra o baú espaçoso das minhas memórias de gaiato, era um dos nossos mais aliciantes entretenimentos, naquele tempo, em que na minha Barbacena natal, não se falava tampouco, em certas inovações como a televisão, vídeos ou computadores.
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Era tempo de brincadeiras e jogos, que para além de nos divertirem, eram praticados em grupo, e contribuíam para o nosso desenvolvimento; ele, esse acessório lúdico, era de nós, inseparável; lá mesmo no fundo da sacola, por debaixo dos livros e cadernos da escola, ou no bolso dos calções, com a inseparável ´´guita´´ sempre enrolada ao seu dorso, nunca se separava de nós, À hora do recreio na escola, enquanto alguns de nós, jogadores, com a ajuda do cordel, ou seja a ´´guita´, que atávamos em simultâneo às cabeças de dois piões, e depois de fixar, o ferrão ou bico de um deles, ao solo, com o outro que se mantinha livre, e com o cordel esticado, ia riscando no solo, em circulo, tendo como centro, o tal pião fixo; quando o chão era mais rijo, por exemplo, em pavimento cimentado, a táctica para desenhar o círculo, mudava; o pião destinado a desenhar o círculo, era substituído por um pauzinho de picão, ou então, por um pau de giz, palmado na escola; tudo dependia da cor do chão. Depois de termos desenhado a circunferência no solo de terra batida, alguns de nós, os que habitualmente eramos jogadores mais ´´convencionais´ ´jogávamos o tradicional ´´roda bota fora´ ´tentando tirar da circunferência, o pião do adversário que tinha deixado de rodopiar, dentro do circulo, e ali ficado inerte, á mercê das ´´caramboladas` `dos outros jogadores. Noutra zona do espaço destinado ao recreio, havia quem, exibisse as suas habilidades, ora fazendo com que o rodopiante pião, se transferisse do solo directamente para a palma da sua mão, por entre os dedos médio e indicador, apenas com um ligeiro toque deste último dedo; outros ainda mais habilidosos, soltavam-no com energia, puxando rapidamente a guita, deixando-o por alguns instantes a planar no ar, de onde o aparavam para a palma da mão, onde o bajudo e frenético, continuava a rodopiar, por vezes durante alguns minutos.
Á tarde, ao sair da escola, íamos lestos, tal qual um bando de pardais, poisar no Largo do Poço, ou noutro qualquer largo da Vila, desforrar do último revés, sofrido lá no recreio da escola.
Não sei que destino teve, um lindo pião de madeira de azinho, com ferrão em aço, com uma ´´guita´´ de linho comprado na mercearia do Sr. Barata (Noivo), que foi meu companheiro, nas vitórias e derrotas, lá pelos terreiros da Vila, onde o rodopiante rodava, rodava, rodava..., sem se cansar.
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Setúbal,01 de Julho de 2018



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