A PERSEVERANÇA. O ESTOICISMO E O ESPÍRITO INVENTIVO DO POVO ALENTEJANO
Ao longo dos séculos, tem este estóico povo, que vive e labuta, nesta vasta região centro/sul de Portugal, e á qual um dia, um dos nossos monarcas (D. João II), resolveu chamar Alentejo, sabido enfrentar com tenacidade, todas as adversidades e vicissitudes, advindas e originadas pelos mais diversos obstáculos, que o meio ambiente, as dificuldades motivadas pela escassez de recursos, e outros agentes externos lhe têm vindo a causar.
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Em tempos remotos, quando a pastorícia e a agricultura, eram essencialmente os seus únicos meios de subsistência, soube esta gente de estirpe bem definida, servindo-se dos elementos que a Natureza punha ao seu dispor, criar todo o tipo de utensílios, dos quais necessitava para o seu quotidiano. De arame, cortiça, fez brinquedos para os filhos, como é o caso da rodopiante “rapa”, do “saca pilores” e do ruidoso “ritá-tá”, feitos de pau bucho, ou sabugueiro, ou ainda outro tipo de brinquedos, feitos em arame, com os quais a crianças mais pobres, ainda há poucos, se entretinham a brincar.
Dos extensos montados, existentes na região, extraiu o habitante desta vasta área que ocupa 33%, da área total do território continental português, madeira, para fabricar alfaias para a lavoura, móveis e outros utensílios rústicos; foi também do montado de sobro, que obteve a tão utilitária cortiça, da qual depois de tratada, e manuseada, fabricou uma vasta gama de vasilhas, como tarros, cochos para beber água das fontes e poços, e ainda outras peças de ornamento, algumas das quais, são dignas de serem admiradas; dos chifres do gado vacum, fez o imaginativo alentejano, vasilhas, chamadas “cornas”, onde guardava para além dos condutos, para a sua própria alimentação, como os enchidos e outros alimentos; nessas mesmas cornas, guardava também o azeite e o vinagre, para cozinhar as refeições; das peles dos animais abatidos aos rebanhos depois de curtidas, fazia o alentejano, para além de aconchegantes peças de vestuário, como safões, samarras e pelicos[1]outros artefactos, como calçado e correame de todo o tipo.
Tem sido assim, ao longo dos séculos, que fazendo jus ao provérbio: a necessidade aguça o engenho, que este habitante da vasta área que se convencionou chamar-se Alentejo, tem sobrevivido enfrentando as mais diversas contrariedades algumas carências, que tem sabido superar.
Carlos Catalão Panaças
Carlos Catalão Panaças
[1] (1)– Peliques: Indumentária de pastor feito de peles de animais.
(2) -O pelico pode apresentar de uma estrutura idêntica a uma casaca com aba comprida ou o formato de um casaco sem mangas. (IN) – Trajes de Portugal de Carlos Alexandre Cardoso,
(3) "pelicos",in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/pelicos [consultado em 03-08-2018].
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