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O PIAL DOS CÂNTAROS

38501230_434098677099088_5340091546748321792_nHavia quem lhe chamasse por esse extenso Alentejo, a “cantareira”; na minha Vila, era denominado de poial ou pial dos cântaros; noutros lugares, também lhe chamavam o pial([1]) da quartas.
O poial dos cântaros, na zona de Barbacena, e em quase todo o Alentejo, era feito em tijolo, ficava sempre encostado á parede, com um arco em vão, na parede baixo, sem portas, mas tapado com uma cortina de chita, com vistosas ramagens, enfiada numa corda, presa de ambos os lados, com pregos, espetados na parede.
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Debaixo do poial, guardavam-se as “asadas”, com água ou azeitonas, de conserva. A parte de cima, onde se apoiavam os cântaros, podia ser lajeada, cimentada, ou ainda coberta com tijolos rústicos. Os cântaros eram tapados com rodelas e madeira, ou cortiça, com pega superior, ou com testos metálicos; em certas regiões, havia quem usasse como tampas dos tradicionais cântaros, o tão useiro “cocho” ou “cocharro”, de cortiça, que também servia de copo.
38632588_434098450432444_2221722844906127360_nPor detrás dos cântaros, era armada as chamada cantareira, com grandes alguidares, “barranhões ([2])”, “barranholas”, “plaganas” e, pratos de grandes dimensões, vidrados e pintados com dizeres caricatos, fazendo alusão aos modos de falar dos alentejanos, e àquelas expressões tão nossas, tão genuínas das gentes cá do sul. Todas essas peças de olaria eram compradas aos louceiros, que a partir da Vila de Redondo, vinham vender loiça, por quase todo o norte alentejano. Desses dizeres e provérbios, que os oleiros escreviam nos lindos pratos, alguns havia, que pela sua graça, e ingenuidade, despertavam a nossa atenção, como este, que ainda hoje, guardo de memória:
Há tanto burro a mandar,
Em homens de inteligência
Que às vezes, chego a pensar
Que a burrice, é uma ciência.
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Setúbal, 06 de Agosto de 2018

[1] - Pial é a designação para o termo «Poial» que significa depor ou colocar. O nome de «alpendre de pial» resulta da analogia feita com as paredes exteriores do alpendre que se assemelham aos bancos das janelas das cisternas de cobertura abobadada onde se poisavam os cântaros de água.
Nestas casas, o alpendre não fica fora de casa, mas faz parte dela, debaixo do mesmo telhado. A entrada tinha a largura duma porta e, à altura da cintura de uma pessoa, abria-se para os dois lados, desenhando a configuração de um «T» na zona de sombra.
Este tipo de construção foi motivada pela proteção contra as intempéries, pela entrada de mais luz nos dias soalheiros de Inverno, e pela frescura que conservava em Verões quentes.
É das tipologias mais antigas que resistem até hoje, podendo ainda observar-se alguns exemplares bem conservados na região.
[2] - Comer do Barranhão, era comer a família toda do mesmo prato, o barranhão.
No sul (Alentejo) são conhecidos como os pratos dos ratinhos.
Eram os pratos que estes levavam, quando iam para a campanha do trigo. Muitas vezes antes de partir vendiam-nos para não voltarem carregados. Os feijões com couves, eram um dos pratos confeccionados para ser comido do barranhão.(IN - https://casegas.blogspot.com)



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