A CHEGADA DA “CAMINETE” DAS TRÊS
Constituía naquele, tempo, (anos sessenta, do século XX) um dos poucos motivos raros, e fugazes, que quebravam o marasmo, e o sossego, do ambiente que fazia parte, do quotidiano da Vila.
Partia de Elvas, e depois de escalar a Calçadinha, Menino de Ouro, Ramal de Vila Boim e Vila Fernando, chegava a Barbacena, por volta das três horas da tarde; por isso, era conhecida, pela «Caminete das três».
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Para além dos jornais, que tinham sido editados em Lisboa, quase quarenta e oito horas antes, e que eram recolhidos, pelo agente na Vila, o saudoso Manuel Carretas Maneta, trazia também este meio de transporte tão utilitário para as pessoas dos meios pequenos, algumas encomendas, e sobretudo trazia pessoas de outras paragens, que vindas de Elvas ou de Espanha, e aproveitando os breves minutos, que o Sr. Joaquim, o condutor da camioneta fazia como escala técnica, ali, em Barbacena, trocavam connosco, impressões sobre a Vila, os seus usos e costumes, falando-nos também das suas terras, algumas das quais, situadas ali no nosso distrito.
Segundas, Quartas e Sextas-feiras, eram os dias que religiosamente, os disponíveis das actividades laborais, que àquela hora, por ela esperavam, ali mesmo em frente à Fonte Nova, junto á porta da “ti” Favorita, quando o relógio da Torre da Senhora do Paço, batia no seu timbre bem sonoro, as três da tarde.
Seguia depois, pela estrada camarária, empedrada, rumando para Azeiteiros, Monforte, Vaiamonte, Cabeço de Vide, parando em Alter do Chão, onde esta carreira, que ligava algumas terras, do interior do Norte Alentejano, tinha o seu terminal; nós, lá por Barbacena, acenávamos aos passageiros desse dia, e nós rapazes, ficávamos esperançosos, que às três da tarde, do próximo dia, da carreira, ela, a velha “caminete das três”, trouxesse no seu interior, as mesmas pessoas, que como nós, gostavam de trocar impressões, sobre as suas terras.
Setúbal, 22 de Junho de 2018
Fotos, do autor e colhidas na net.
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