CACHAMORRINHA DE FERRO
Ninguém sabe ao certo, e talvez tenha sido difícil saber-se, ao longo de sucessivas gerações, que por aqui, habitaram, a origem de tão estranha e desajustada designação, pela qual é conhecido aquele aglomerado de enormes pedregulhos, que, aparentemente sem intervenção humana, formam uma gruta, de consideráveis dimensões, ali naquele local designado pela população da Vila, por Penedos.
Faz aquele disforme amontoado de granito vermelho, parte do imaginário de inúmeras crianças de outras épocas, onde eu me incluo, que ao longo dos tempos, souberam manter e inventar lendas, crenças e mitos, cujas personagens imaginárias, que em tempos remotos por ali teriam vagueado, povoavam os nossos sonhos, de criança. Desde o escavar todo o terreno adjacente á mítica gruta, com o intuito de encontrar a almejada panela pejada de moedas de ouro, até às visitas nocturnas, e entrarmos em grupo, na gruta, para vermos fisicamente, os lobisomens, os faunos e as mulas sem cabeça, que quando a noite caía, vinham na nossa imaginação, habitar os locais, onde nós, durante o dia brincávamos despreocupadamente, tudo era admitido naquela época, onde a inocência e a ignorância andavam de mãos dadas, e nos faziam companhia.
Foi ontem, que já liberto desses férteis sonhos, e desse imaginário inocente, por lá passei, pelo local dos Penedos, e fotografei a Cachamorrinha de Ferro, agora tão sozinha, onde já não se lobrigam revoadas de gaiatos que acreditavam, que aquele pedregulho invulgar era a horas mortas, habitado, por seres de outras galáxias.
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