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História de Nossa Senhora do Paço







T I T U L O XXV.

Da milagrosa Imagem de nossa Senhora do Paço da Vila de Barbacena.

As terras, e lugar de Barbacena comprou pelos anos de 1542, no Reinado D´el Rei Dom João o III, Diogo de Castro do Rio a Dom Jorge Henriques, e delas lhe deu o senhorio, e título o mesmo Rei Dom João III e a fez Vila, e a possuem hoje os Viscondes de Barbacena, da qual foi o primeiro Visconde Afonso Furtado de Mendonça (veja o primeiro livro deste tomo, titulo 8.[1]
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Em pouca distância da mesma Vila está uma fazenda, ou herdade, a quem dão o nome do Paço; nesta herdade apareceu uma Imagem da Rainha dos Anjos sobre uma pedra, e lhe deram o título do Paço, por aparecer em aquela fazenda chamada do Paço. Já hoje não sabem dizer os moradores daquela Vila, a quem apareceu, e se manifestou, e seria a algum sincero pastorinho, que muitos com a inocência da sua vida se fazem merecedores de semelhantes favores deu esta parte ao Pároco da sua Igreja, que certificado da verdade, foi com os moradores do lugar ao sítio em que a Senhora se havia manifestado, e acharam a Senhora num outeirinho sobre uma pedra, e deste lugar a levaram com muita alegria para a sua Igreja, parecendo-lhes que a Senhora se pegaria daquele lugar em que a pretendiam colocar, tirando-a daquele sítio deserto para a sua Paróquia, a onde todos a venerassem colocada a Senhora no seu Altar-mor, se deram os moradores por satisfeitos.

Não aceitou a Senhora o seu obséquio, porque no dia seguinte, indo Pároco à Igreja, e alguns dos seus fregueses, e a não acharam, cuidados em quem lhe faria o furto, se soube logo que os Anjos; porque estes o haviam feito, pelo dispor afim a mesma Senhora, tornaram a levá-la segunda vez para a Paróquia; mas como a Senhora havia escolhido aquele sítio, para dele como de Atalaia poder acudir àqueles seus devotos, segunda vez foi mudada por ministério dos mesmos Anjos, para o seu montinho -, à vista destas fugas se resolveram aqueles moradores já cheios todos de devoção a lhe levantar uma Ermida, e como a Senhora começasse logo a obrar muitas maravilhas, se acendeu em todos muito mais a devoção, e todos concorriam, como que podiam para que a casa da Senhora se acabasse, e finalizada ela colocaram no seu Altar, e ali era buscada, e venerada de todos, como é até ao presente.

O sítio em que se lhe edificou a Ermida, que foi o mesmo em que apareceu, não dista muito da Vila, que será menos de um tiro de espingarda; a matéria de que é formada a Santa Imagem é de um barro muito fino, e a cor tira a encarnado, ou vermelho, e muito linda; e quem duvidará, ser esta Santíssima Imagem obrada pelas mãos dos Anjos; não tem Menino, a sua altura são três palmos pouco mais ou menos; tem uma Irmandade, que a serve com fervorosa devoção, com Juiz, e mordomos, o quais a costumam festejar na terceiro Domingo de Setembro, e nesta data a levam em procissão para a vila, e a colocam no Altar-mor da Paróquia, para nela festejarem, e neste dia é muito grande a devoção, com que todos a vão venerar, tem obrado muitos milagres; e assim se é sempre frequentada a sua casa; da Senhora nos deu esta breve notícia o Pároco daquela Vila o Padre Miguel da Ponte, por mando do Reverendo Vigário Geral de Elvas, o Doutor José Nunes de Azevedo Cotrim.

Pessoa Amiga lendo a minha “tradução” e sendo versada nestas matérias entendeu ajudar-me e fez alguma correções, ficando o texto, muito mais “próximo” do português corrente.




[1] Esta referencia remete para a linhagem dos Condes de Barbacena 



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