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Chão Amigo

CHÃO AMIGO

41680148_473861376456151_3003638206831788032_nAcabei de ler há poucos dias, o livro de Carlos Guerreiro, com o título ´´Aterrem em Portugal´ ´o qual eu classifico de uma obra descritiva, onde muito sucintamente, e bem documentada, é contada parte da acção beligerante, que as aviações Inglesa, Francesa e Alemã, travaram nos céus desta velhinha Europa, durante a destruidora e mortífera Segunda Guerra Mundial.
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Baseado em factos reais, talvez pelo facto de o nosso País, não ter participado directamente no conflito, poderão eventualmente, certos acontecimentos narrados no livro, parecer-nos mera ficção, pela coincidência de ocorrerem em Portugal, em locais, bem distantes, de onde se travavam os combates.
Baseia-se essencialmente a narrativa do autor da obra, em descrever aterragens forçadas de aviões caças e bombardeiros, que operavam sobre o Mar Mediterrâneo, e que devido á proximidade com o nosso País, os pilotos das aeronaves, procuravam o nosso solo, para aterrarem em segurança. Quando eram atingidos pelo fogo inimigo, ou então quando os aparelhos que tripulavam avariavam, aterrando em país neutro, como era o caso de Portugal, onde não corriam perigo de serem aprisionados pelas tropas Nazis.
Tendo sempre o cuidado de ir alertando os leitores para o facto de as rocambolescas histórias narradas no livro, serem verídicas, pois as mesmas, foram-lhe transmitidas por testemunhas presenciais, incluindo o seu próprio pai, a páginas tantas, descreve Carlos Guerreiro, uma cena passada com dois jovens pilotos ingleses, numa localidade alentejana, que muito embora, só em pequenos pormenores da descrição da descrição, nós leitores, subentendemos, que é a Barbacena que o autor, se refere, sempre vai dizendo, que um, desses aviões, teria aterrado de emergência, numa herdade de nome Torrão de imediato, relacionei a descrição do autor do livro, com aquela, por mim ouvida, às pessoas mais velhas, que foram testemunhas do inusitado acontecimento, que me contavam em pormenor, de que um avião, teria caído, ali perto da Vila, na citada por Carlos Guerreiro, herdade do Torrão, e que dois pilotos teriam ficado hospedados numa casa do de um comerciante beirão, cujo nome era Silva, e que se dedicava ao comércio de cereais. Pelo facto de a achar engraçada, e de apreciar o requinte com que o autor do livro a descreve, não quero deixar passar a oportunidade de partilhar convosco. A descrição da chegada dos dois pilotos á tal localidade do concelho de Elvas, que, pelos dados que consegui compilar e confrontar com os descritos no livro, e a informação oral, que recebi de que quem assistiu ao inusitado acontecimento, de que Carlos Guerreiro, nos narra, mas, leiamos o que nos é descrito no livro:
«-Logo que se aperceberam da queda do avião, os habitantes da pequena povoação alentejana, tentaram logo, num gesto humano e solidário, como é apanágio das gentes portuguesas, salvar quem vinha no aparelho, e que porventura, de ajuda, precisasse; depararam os solícitos habitantes da localidade, com dois jovens pilotos, que muito embora só tivessem sofrido uns leves arranhões, tiritavam de frio, batendo o dente, num avançado estado de hipotermia, que inspiravam dó. Os homens bons, que foram em socorro dos britânicos, à falta de um banco de hospital, ou mesmo de uma viatura, que os pudesse transportar para Elvas, levaram-nos para uma taberna, que ficava mais próxima do local da aterragem, tendo de seguida, pedido ao taberneiro, uns copos de vinho, para que os pilotos bebessem algo, que os ajudasse a superar, aquela temperatura tão baixa; os acidentados, iam recusando os copos de vinho, mas pediam insistentemente, qualquer coisa, na sua língua de origem, apelo esse, que como é óbvio, não era entendido pelos improvisados socorristas, que nada entendiam da língua inglesa; pediam eles:
- Hot Milk...please... give me hot milk, please...!!
Traziam os alentejanos pão com chouriço, queijo e outros condutos, e os ingleses a tudo torciam o nariz; mas eis que entra na taberna, o leiteiro, que de cântaro na mão, vinha entregar o leite encomendado, ao dono da taberna, e que ao aperceber-se da situação, grita para o dono da taberna:
- Sirvam um copo de leite quente, aos homens, senão eles, morrem de frio...!! O taberneiro, assim fez; aqueceu um pouco de leite, daquele que acabara receber, e serviu-o aos súbditos de sua majestade, que de imediato, se abraçaram ao leiteiro, pensando que ele tinha entendido a sua solicitação, talvez por ter entendido, a língua inglesa; sentindo-se então, mais confortáveis, começaram a fazer muitas perguntas, ao vendedor de leite, pensando que ele os entendia; estavam enganados; também ele, o leiteiro, não sabia falar inglês, e bateu em retirada, com receio, de quando chegassem as autoridades, viesse a ser promovido a interprete.»
Do final desta apaixonante e recambolesca história, pouco mais adianta Carlos Guerreiro, no seu bem documentado livro, sobre aterragens forçadas, durante a Segunda Guerra Mundial; mas, eu posso adiantar, que pela descrição que as pessoas mais velhas e contemporâneas do inusitado acontecimento me contavam, que em casa do tal Sr. Silva, comerciante beirão, que recebia em sua casa alguns hóspedes, que estavam por cá de passagem, e onde ficaram aboletados, os dois moços oficiais da corte britânica, enquanto não foram recuperados, e o avião reparado, havia bailes todas as noites, ao som de uma velha grafonola, e que um dos pilotos, ainda namoriscou com uma professora, que estava também hospedada, na estalagem do Galego.
Resumo, e moral da história: Sempre, mas, sempre, mesmo sem saber falar inglês, houve em Barbacena, gente que gosta de ser solidário com quem tem frio, e que precise de qualquer coisa, nem que seja, apenas, de um copo de leite.

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Barbacena,  14 de Setembro de 2018
Fotos recolhidas no livro, Aterrem em Portugal, de Carlos Guerreiro.

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