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 SE NADA MAIS SOUBERES AO MENOS
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O Caso de Barbacena

                                              O CASO DE BARBACENA

minha 1aQuando há cerca de dois anos o jornal «Defesa» de Évora publicitava a edição e lançamento do livro «O Caso de Barbacena», cuja autora é, Margarida Sérvulo Correia, envidei esforços, no sentido de adquirir a obra de tão sugestivo titulo, pelo menos para os naturais e habitantes da Vila Alentejana, com aquele nome, e que a obra faz alusão.

As livrarias de Setúbal, não conheciam o título, pois o mesmo não constava na lista de obras, editadas recentemente: resolvi procurar o almejado livro em Lisboa, onde o fui «desencantar» na livraria da Universidade Católica Portuguesa, que tinha a exclusividade da sua distribuição e venda.

O título do livro, para além de ser apelativo ao povo da nossa Vila, convida o leitor, a tentar saber mais, sobre o intricado caso da terras das herdades de Campos, Serra e Tonejão, usurpadas ao povo, que pobre, e iletrado, se deixou ludibriar, sem ter o apoio judicial, a que legalmente tinha direito; com o País em turbilhão, devido á mudança de regime, pois a monarquia tinha claudicado havia pouco tempo, vivendo-se tempos conturbados, tornou-se fácil para o senhor suserano, (Ruy de Andrade) numa da fotos, que anexo, tornar-se dono das terras em questão; nas escaramuças que se seguiram houve feridos e prisões, do lado da população amotinada.

Cavalosssssss     Ruy D'Andrade aos oitenta anos

Ruy de Andrade é derrubado da montada, com uma pedrada certeira, quando empunhava o revólver, para disparar sobre os espoliados. Salvou-o da fúria popular uma pobre mulher do povo, de seu nome Mariana, que escondendo debaixo das saias compridas, o inanimado senhor feudal, gritou para o ululante e exaltado grupo de homens, que o tinham tombado do cavalo:

-Vão embora, que ele está morto..!!»

Contavam as pessoas que assistiram várias vezes, e ouviram o que Ruy de Andrade dizia, com ar trocista, à mulher do povo, que lhe salvou a vida, saudava-a desta forma:

- Mariana: tu, quando me cobriste com as saias, e disseste, que eu estava morto, foi com intenção de me roubares a carteira..!!»

Ao que a senhora, respondia:

- Mas se ela, a carteira esteve sempre consigo, foi porque ninguém, lha tirou.
Este apaixonante, e lamentável caso, tem levado várias gerações de barbacenenses, a interrogar-se, como teria sido possível, a alguém apoderar-se de enormes extensões de terras aráveis, que não lhe pertenciam, sem ser incomodado, por quem de direito.
Confesso, que a leitura de mais este testemunho torpe, que tanta tinta tem feito correr, ao longo de décadas, para mim, foi mais uma desilusão, a juntar a tantas outras que tenho lido, em relação a esta questão. Na tradição oral, que nos era transmitida, e eu próprio cheguei a ouvir relatos verbais, de pessoas que foram contemporâneas dos acontecimentos, a história tinha principio, meio e fim, neste livro, a autora que por acaso é sobrinha neta, do então pároco de Barbacena, padre Neves Correia, para além de destacar a figura do seu tio-avô, como figura preponderante na defesa dos pobres habitantes da Vila que tinham sido detidos, na sequência dos confrontos que se seguiram ao surripiar das terras, pouco mais adianta na descrição da questiúncula. Resume a autora, o teor da sua obra, à publicação de pequenos apontamentos, que o sacerdote teria deixado, como parte do espólio, na sua casa em Fratel, de onde era natural; de entre os demais, destaco os dizeres de uma dessas anotações, que constam do livro e que nos conta:

rrrrrrrrr22« Os calabouços da Câmara (edifício sito na Praça do Pelourinho, onde funcionou durante muitos anos, a sede da Junta de Freguesia)estão cheios de presos famintos, que clamam por justiça..!!»

Como atrás disse, estes tristes acontecimentos, ocorreram em Barbacena, no princípio do século vinte, logo após a queda da monarquia. Este padre exerceu sacerdócio em Barbacena, onde era também professor, seu irmão João Neves Correia, que foi professor de meu pai.
O padre Neves Correia voltou à nossa terra, em 1959, para visitar o seu colega e amigo, Padre Luís Nunes da Silva.

||||||  NOTA  ||||||

Consultar livro online:  https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/10826/1/HRFS_11-Barbacena.pdf


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