O SEU, A SEU DONO
Durante a “safra” e preparativos da tradicional festa em honra de S. Sebastião, na Vila de Barbacena-Elvas, labutam dia e noite, cerca de duas dezenas de pessoas, que, denodada e anonimamente, e sem qualquer proveito ou interesse material, se entregam todos os anos, ao fabrico de uns bolinhos especiais, os quais, serão comercializados nos dias próximos daquele, em que se efectua a procissão, do Santo Mártir, que este ano, ocorrerá no próximo dia 20 (Domingo),do corrente mês de Janeiro.
Sobre os bolos, já muitas pessoas, e alguns órgãos de informação, se têm encarregado, de publicitar a sua origem, desde tempos imemoriais, a tradição, e a fé, que sobre eles recai, sobre uma pretenso efeito curativo, contra as chamadas bexigas, ou seja, a varíola; todavia, nada, ou quase nada, se tem dito, sobre quem, voluntária e gratuitamente, se entrega durante algumas semanas, a essa generosa labuta, que, em equipa organizada, leva de vencida, anualmente, essa missão. São mulheres, filhas da terra, quase todas, já em idade de reforma, que gostam do que fazem, e que certamente, ficam reconfortadas, quando depois do balanço final da festa, sabem, que o seu esforço rendeu algo, que será aplicado em proveito da comunidade.
Quase sempre por esta altura deixo aqui, uma fugaz referência a esta campanha, dos bolos de S. Sebastião; este ano, e há poucos dias, já abordei o assunto; hoje lembrei-me de falar das obreiras, sobre cujos ombros, recai a acção principal da festa, que faz movimentar, toda a organização do evento.
Por estar longe, de onde tudo se desenrola, recorri a imagens, obtidas pelo José Capitão, que está por lá, na Vila, e não ´´perde pitada´´, destes acontecimentos, para ele vai o meu obrigado, e o abraço, amigo.
Que me perdoem os que sabem, ou julgam saber de poesia e de métrica, mas eu, resolvi, render este preito, às heroínas da minha terra, tentando rimar, em quadras.
EM TROCA DE NADA
Com afã, bem-dispostas e resolutas,
Trabalham alegres, e com tanto afinco
Entregam-se, generosas a duras lutas
São muitas, talvez... vinte e cinco
Trabalham alegres, e com tanto afinco
Entregam-se, generosas a duras lutas
São muitas, talvez... vinte e cinco
Quando chega esta festiva data,
Destemidas, prestimosas, lá estão,
Dispõem-se a uma missão tão grata,
À feitura, dos bolos de S. Sebastião.
Destemidas, prestimosas, lá estão,
Dispõem-se a uma missão tão grata,
À feitura, dos bolos de S. Sebastião.
Tradição tão velhinha, ancestral
Que vai tendo, quem a mantenha
Bolinhos feitos com arte manual,
Bem cozidos, em forno de lenha
Que vai tendo, quem a mantenha
Bolinhos feitos com arte manual,
Bem cozidos, em forno de lenha
Há quem lhes chame também,
Os tais, os bolinhos das bexigas
São manufacturados, e bem,
Por muitas, tantas, mãos amigas
Os tais, os bolinhos das bexigas
São manufacturados, e bem,
Por muitas, tantas, mãos amigas
São obreiras, desta tarefa anual,
São o orgulho, da nossa freguesia
Entendem deste tão antigo ritual
Que cumprem, com amor e alegria.
São o orgulho, da nossa freguesia
Entendem deste tão antigo ritual
Que cumprem, com amor e alegria.
Seus nomes, são bem conhecidos,
Nesta Vila antiga, onde nasceram
São todas, sobejamente destemidas,
Pelo que fazem, e já antes, fizeram.
Nesta Vila antiga, onde nasceram
São todas, sobejamente destemidas,
Pelo que fazem, e já antes, fizeram.
Por carolice, fé, promessa, ou amor,
Não importa, a razão, porque tal fazem
Mas é nosso dever, dar o devido valor,
Ao orgulho, e prazer, que à Vila, trazem.
Não importa, a razão, porque tal fazem
Mas é nosso dever, dar o devido valor,
Ao orgulho, e prazer, que à Vila, trazem.
Seria enorme, e grato, o meu prazer,
Sempre rimando, citá-las, uma a uma
Mas não consigo, essa mestria, fazer,
Versar e rimar, o nome, de nenhuma
Sempre rimando, citá-las, uma a uma
Mas não consigo, essa mestria, fazer,
Versar e rimar, o nome, de nenhuma
São elas, a Isabel, a Olga, a Rosa,
Catarina, Brígida, Antónia, e Joana,
Cada qual, a mais lesta e airosa.
Das antigas, não posso esquecer a Ana.
Catarina, Brígida, Antónia, e Joana,
Cada qual, a mais lesta e airosa.
Das antigas, não posso esquecer a Ana.
Nestas memoráveis festas centenárias,
Das quais, mal se vislumbra a raiz
Lembrarei, aqui, por razões várias
A sempre presente, e saudosa Beatriz
Das quais, mal se vislumbra a raiz
Lembrarei, aqui, por razões várias
A sempre presente, e saudosa Beatriz
Recordando e volvendo mais atrás,
Pois não esqueço, o redobrado valor,
Penso, que é justiça que se faz,
Não esqueço, a Eulália Soldador.
Pois não esqueço, o redobrado valor,
Penso, que é justiça que se faz,
Não esqueço, a Eulália Soldador.
Já que mencionei as mais antigas
Pois, falar delas, é obrigação minha,
Apraz-me falar assim, destas, amigas,
A Aurora, a Lurdes, a Judite e a Belinha
Pois, falar delas, é obrigação minha,
Apraz-me falar assim, destas, amigas,
A Aurora, a Lurdes, a Judite e a Belinha
Não esquecerei o nome de Odete,
Mais o seu marido, diácono Joaquim,
E já agora, vai também, a Bernardete,
Mais as outras, que vou citando, assim.
Mais o seu marido, diácono Joaquim,
E já agora, vai também, a Bernardete,
Mais as outras, que vou citando, assim.
Isabel tem nome de Rainha Santa,
Virtuosa caridosa, e milagreira também,
A fazer bolos, tem tal genica que espanta
A força anímica que esta Isabel, tem.
Virtuosa caridosa, e milagreira também,
A fazer bolos, tem tal genica que espanta
A força anímica que esta Isabel, tem.
Das mais jovens, não olvido, a Patrícia;
Rapariga de princípios e valores
Como as demais, esta jovem, e noticia,
Pois.. todas sem excepção, são uns amores
Rapariga de princípios e valores
Como as demais, esta jovem, e noticia,
Pois.. todas sem excepção, são uns amores
Não omitirei aqui, as mais antigas e até,
Aquelas que com tanto carinho e amor,
Como são Maria Isabel, e a Maria José
E sem tão pouco deixar de fora, a Leonor
Aquelas que com tanto carinho e amor,
Como são Maria Isabel, e a Maria José
E sem tão pouco deixar de fora, a Leonor
Neste louvor a tão fremente gesta,
Faltava citar aqui, o nome da Isolinda,
Que tanto do seu tempo, dá à festa
Como também é o caso, da Deolinda.
Faltava citar aqui, o nome da Isolinda,
Que tanto do seu tempo, dá à festa
Como também é o caso, da Deolinda.
Sem esta tão solidária dedicação,
A tradição, no futuro, jamais anda,
Também quero aqui, fazer menção,
À sempre, muito dedicada, Orlanda
A tradição, no futuro, jamais anda,
Também quero aqui, fazer menção,
À sempre, muito dedicada, Orlanda
Continuem, assim, mulheres valentes,
Nessa luta, tão antiga, pois então.!!
Fazendo para alegria das gentes.
Os tão famosos, bolos de S.Sebastião.
Nessa luta, tão antiga, pois então.!!
Fazendo para alegria das gentes.
Os tão famosos, bolos de S.Sebastião.
Carlos Catalão Panaças
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