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Pialhos, Erva de Sabor Ácido


PIALHOS, ERVAS DE SABOR ÁCIDO

Quando anteontem, citei aqui, ao correr da pena, o nome desta planta espontânea, vivaz, que prolifera por aqui, no Alentejo, nos taludes dos caminhos secundários, nos muros velhos, nas ladeiras pedregosas e outros lugares secos, nunca pensei, que tal alusão a esta pobre erva silvestre, que cresce até cerca de 30 cm, de altura, e que produz na sua seiva, um ácido oxálico, agradável ao paladar humano, suscitasse tanta curiosidade, aos meus atentos seguidores.
Muitas perguntas através desta plataforma, e mesmo pelo telefone, me interpelaram, no sentido de tentarem saber mais sobre esta planta, tão peculiar e popular, para os gaiatos da minha laia, que durante as brincadeiras e folguedos, através dos campos vizinhos da Vila, os mascávamos, por entre esgares e caretas, provocadas por aquele sabor avinagrado, tão característico do ´´pialho´´ ou ´´Induratus´´ como a ciência botânica, lhe chama.

É o pialho, primo chegado da também nossa conhecida ´´azêda``, também ela portadora do tal ácido oxálico, tão acre, tão apetecível. Modernamente, há quem os ingira, em saladas, misturados com agriões, alfaces, rúculas e outros vegetais.

Há poucos dias, durante um passeio por caminhos, onde outrora era hábito vê-los, como por instinto, procurei-os por entre os muros do caminho; lá estavam, eles, convidativos, frescos, com o aspecto primaveril; depois de lavados em água corrente, avivaram-me memórias gustativas, de outros tempos.







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Anexos:

Localização das Amostras - Gravações do Grupo de Variação do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa  -  Registos Sonoros

Região subdialectal da Beira Baixa e Alto Alentejo:
zona centro-meridional  
Porto da Espada  1INF = Informante
INQ = Inquiridor

INF Às vezes, até havia umas ervas do campo que a gente... Pois bem, a fome, às vezes, era já é muita, ia a gente… Chamam-lhe… Chamavam-lhe pialhos. Pialhos (era) uma coisa, um… Também se conhece por erva azeda. Ia a gente, comia aquilo e roía aquilo. Chegava-se a um ervilhal aonde haviam ervilhas – conhece o que são as ervilhas? –, era colher e toca de comer. Grãos e tudo! Hoje?! Então pois hoje (…) alguém faz essas coisas?! Isso hoje já não; já ninguém… Hoje já ninguém trata (…) desse assunto. Ninguém, ninguém. Roubava-se muito. Desde que houvesse, por exemplo, uns figos ou uns cachos ou (…) qualquer uns melões, umas melancias, roubava-se muito. Hoje, o pessoal não sei se anda mais abastecido e (…) não se frequenta qualquer coisa que se roube. Nem a uma vinha, nem a uns figos, nada; nada disso frequenta já. E noutro tempo, não escapava nada. Aquilo era, desde que a pessoa pudesse, figos e, ora, e cerejas. Ai eu! Ainda levei algumas sovas! Ainda levei algumas sovas, (…) que me apanhavam (…) às cerejas – doutra gente, está claro! Ora pois, tudo aquilo pertencia tudo ao mesmo, a haver fome.


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