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Os Apanhadores do Cardo das Alcachofras


Munidos de uma grande alcofa e de uma tesoura adequada para esta faina, apareciam por lá, todos os verões nos campos circundantes de Barbacena, vindos sabe Deus donde, colher as alcachofras, como nós lhes chamávamos, e que mais não eram, do que os estames, que sobressaiam da corola da flor da planta do cardo, as quais nasciam espontaneamente, nos terrenos estrumados, junto aos currais do gado, ou onde a humidade se fizesse sentir, durante a época primaveril, e que como sabemos é coalhante natural para o leite, destinado ao fabrico de queijo.

As inúmeras queijarias existentes em todo o Alentejo consumiam, toda aquela matéria-prima, tão necessária, para poder ser garantida, a reconhecida qualidade do queijo fabricado naquela vasta zona.
Os esforçados apanhadores do cardo, cortavam as finas partículas mais salientes da haste das plantas, já secas, e muito agressivas, que com os aguçados espinhos, pareciam querer repelir, os intrusos apanhadores das suas flores.

Quando a alcofa fica cheia, todo o material, era despejado para um panal estendido no chão, para que a colheita acabasse de secar.
Devido à elevada procura e à escassez do produto, que em determinados anos mais secos, pouco amadurecia, o preço desta matéria-prima, tão necessária no fabrico do queijo, atingia por vezes, preços exorbitantes, e era elevado à categoria de especiaria, tal e qual, como a canela, o gengibre, o cravinho e a pimenta, trazidas do Oriente, na época dos descobrimentos.

Contavam-nos as pessoas entendidas no fabrico do queijo, que aquela rara flor, depois de seca, era utilizada, para adicionar a água, e depois de ser submetida a uma fervura entrava numa infusão que misturada com o leite o fazia coalhar para poder ser moldado, e dar origem ao saboroso queijo Alentejano.

Sabe hoje, que, para além desta utilização que o cardo tem, já no tempo do Império Romano, a mesmo, já era utilizado, para tratamento de certas enfermidades. Também em Barbacena, durante as noites em que eram festejados os Santos Populares, com o acender de várias fogueiras, nas ruas da Vila, se queimavam os caules das plantas do cardo, misturadas com os caules da faveiras.




Setúbal, 09 de Junho de 2019

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