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Comemorações 500 Anos do Foral








Barbacena recria o seu Foral Novo

Nos passados dias 4,5 e 6 de Outubro, Barbacena reviveu momentos da sua história recriando, a entrega por D. Manuel do seu Foral Novo, que veio substituir o concedido por D.Afonso III em 1273, redigidos em latim, e em mau estado de conservação, tornando-se de difícil leitura e interpretação.
Pequena povoação, nem por isso as suas gentes deixaram passar esta data – antecipada -, já que o Foral foi de facto entregue 15 de Dezembro de 1519.


Uma comissão composta por São Transmontano Silva, Diana Silva, Graça Maria Eustáquio, Joana Bastos Sovela, João Pedro Barata Fanico, António Manuel Sengo Rolhas, Higino Gaôcho Maroto, e Joaquim Francisco Santos Panaças todos filhos desta simpática terra com a ajuda de todos e o apoio das autarquias de Elvas e da junta de freguesia, meteram mãos à obra e ergueram com brio este evento, que encheu de orgulho todos os filhos de Barbacena.

Carlos Catalão Panacas (entre outros) foi-nos dando as novas na sua página do facebook, e assim podemos ir “seguindo” como dia a dia as gentes desta Vila erguiam em cada esquina e especialmente junto do seu castelo o ambiente da época.

Escrevia pois Carlos Catalão em 03 de Outubro.


TEMPO DE RECONSTITUIÇÕES

Tentando não destoar, do ambiente festivo, a evocar os tempos de antigamente, que por cá se faz sentir, também houve quem, numa destas últimas madrugadas, mal dormisse, pois teve que fazer os “bolos fintos”, que durante a noite, tinham “fintado” (levedado), dando cumprimento a uma velha tradição que as ancestrais donas de casa deste velho povoado, executavam, em épocas festivas.

Para além de tentar reconstituir, a azáfama que rodeava a feitura destes bolos tradicionais, que por hábito eram presença certa, nas mesas dos lares de Barbacena, nos dias de festa, a autora actual desta típica iguaria alentejana, segredou-me que vai oferecer, alguns destes doces, ao arauto de El-Rei D. Manuel, que cá se desloca, para entregar o Novo Foral, a Barbacena.

Pelo aspecto, devem estar divinais; oxalá, aquele nobre da Corte Real, assim os ache.
… e o seu relato prossegue já em 04 de Outubro.



CHEGOU FINALMENTE O DIA.

Quando daqui a pouco tempo, o sol raiar, as gentes de Barbacena e os seus visitantes, vão ficar certamente deslumbrados, com as alterações operadas num dos seus principais largos; durante dias e noites, os membros da comissão coadjuvados por alguns voluntários, aprimoraram-se na ornamentação do local, que vai ser cenário, das festividades, da comemoração dos 500 anos da atribuição do Foral Novo, a Barbacena.

Ontem, Quinta-Feira dia 3, ao fim do dia, quem passasse, pelo Largo do Castelo, ficava certamente agradavelmente surpreendido, com as mudanças nelas verificadas, nas últimas horas. Logo de manhã, alguém se preocupou em alindar as torres mais altas do decrépito Castelo, com bandeiras, tarjas e holofotes para iluminação nocturna, que ao fim do dia, lhe davam um ar de fortaleza histórica, que na realidade tem perdido, ao longo dos anos.

Barracas, de tendeiros ou feirantes, flamulas, tascas, bodegas e outras estruturas, ligadas à festa, e ainda o facto de ter sido cortado o trânsito automóvel naquela zona, dão realmente, um certo ar de época medieval, que nos agrada e impressiona.
Julgo que ficará bem da minha parte, realçar aqui o denodado esforço, despendido por parte de grande número de membros da comissão organizadora dos festejos, e outros voluntários anónimos, que se juntaram ao punhado de barbacenenses valentes, que vão levar de vencida, esta ideia de comemorar o Foral, que agora, celebra a vetusta idade de 500 anos.
Filho desta terra Carlos Catalão vai descrevendo com detalhes deliciosos os desenvolvimentos que a povoação vai sofrendo.


O FORAL JÁ CHEGOU! QUE VIVA O REI

Pouco passava das sete horas da tarde, quando os sinos de todas as igrejas da velhinha Vila, tocaram a rebate, anunciando a chegada do enviado de Sua Majestade, a Barbacena, trazendo o almejado foral, o qual há-de regular a governação deste concelho, durante muito tempo.

Um jovem cavaleiro, investido na difícil missão de mensageiro da Corte, vestido a rigor, e montado no seu alazão, que coberto com um enorme manto escarlate, parecia queria estranhar a enorme mole de gente, que se concentrou na Praça do Pelourinho, para receber e ovacionar, o enviado régio, que transportava o tão desejado documento, com a chancela do Venturoso.

Saudado pelo escrivão da Corte Fernão de Pina, que já antes tinha chegado a Barbacena, o mensageiro, entregou a esse representante de El-Rei, o Foral, que já hoje, será lido, para quem, for ali, junto ao castelo ouvir, o que o nobre apregoador, tiver para dizer.

Já o crepúsculo chegava, quando um extenso cortejo, encabeçado por as figuras gradas da urbe e por Fernão de Pina, que erguendo o precioso documento no ar, era saudado, euforia por toda a população, que ia chegando à Praça do Castelo, pejada de gente.
Durante a noite, que estava ligeiramente fresca, confraternizou-se, bebeu-se e comeu-se, ao som de música e de danças, genuinamente medievais.
A festa prossegue hoje, e lamento, que pelo motivo de estar eu, encarregado de desempenhar o papel de representante do Rei, não possa colher mais imagens, para assim mitigar um pouco a curiosidade dos saudosos filhos de Barbacena, que estão longe do berço, e gostariam de estar por cá; a todos eles, o abraço amigo, deste vosso conterrâneo, que, de vós, nunca se esquece.

Não deixa de lembrar os filhos de Barbacena que longe não podem acompanhar tão tais comemorações e prossegue:

BARBACENA, EM VERSÃO MEDIEVAL

Cortejos, banquetes, odaliscas, figurões nobres, cruzados, malabaristas, cuspidores de fogo, Moçarabes, vendedores, e outras alegorias têm durantes estes últimos dois dias, vindo a animar Barbacena, prosseguindo ainda hoje, a dar um corrupio movimentado, às ruas desta Vila, que em tempos medievais, foi terra de aristocratas.
Os conjuntos musicais com música a condizer com a época que por cá se revive, têm feito soar nas ruas do burgo, aquela música um pouco estranha, que nos faz pensar o que seriam aqueles recuados tempos, em que reinava, o Rei Venturoso, esse tal, que deu novos mundos ao Mundo, com o grandioso empreendimento dos descobrimentos.

Ontem, um pouco antes da hora aprazada, e depois de mais um faustoso desfile que saiu da Praça do Pelourinho, onde se ouviu falar de História, a quem dela entende, e depois de uma representante da comissão organizadora dos festejos da comemoração dos 500 anos do Foral, ter convidado o presidente da Junta de Freguesia, a descerrar uma lápide, que junto ao Pelourinho irá perpetuar ao longo dos tempos, estas faustosas comemorações, foi lido o tão propalado Foral, que segundo nos dizem os historiadores, tantas regalias, veio trazer naquele tempo, ao povo, que por cá habitava.

Hoje, devido ao acto politico que por todo o País, tem lugar, os festejos, vão terminar mais cedo, do que seria o desejo de todas estas gentes, que durante estes dois dias vibraram, com este regresso ao século XVI.

Terminava Catalão Panaças o seu relato com estas palavras:


PARA MAIS TARDE, RECORDAR.

Sei, que ainda será cedo, para fazer balanço, deste retumbante êxito, que foram os festejos, da comemoração dos 500 anos, da atribuição do Foral Novo, a Barbacena: no entanto, para além das memórias, que nós, os que tivemos o privilégio de sermos intervenientes directos, nesse evento, naturalmente guardaremos, haverá sempre outros motivos, que nos ajudarão através dos tempos, a lembrar indelevelmente, esses dias de festa, que Barbacena viveu de uma forma inédita, e apaixonada.

Quando daqui a pouco, estas fotos forem publicitadas, no vasto espectro da Internet, a considerável Diáspora oriunda de Barbacena, e dispersa pelo Mundo, vai certamente ter uma noção do ambiente que por cá se viveu, nestes dias de festa.

Para além da lápide que irá perpetuar o acontecimento, também estas fotos, que alguém oportunamente captou, irão ao longo do tempo, avivar-nos a memória, para o que se passou nestes dias, em que se fez História por cá.

As damas ricas, as vendedoras das bodegas, os cavaleiros, os monges, o enviado régio e o magistral e animado jogral, serão para sempre lembrados, através destes digitais elementos, que são as fotos, deste tempo, em que passam cinco séculos da atribuição do Foral Novo a Barbacena.



EM JEITO DE RESCALDO

Ainda há poucas horas, o arraial foi levantado, e já se sente, a saudade e a nostalgia, de um acontecimento inédito, que nos parece um sonho, ter acontecido.

Para além das odaliscas sensuais, que nos brindaram, com a sempre agradável, dança do ventre, dos garbosos cavaleiros que acompanharam o cortejo memorável, ostentando lindos trajes, os grupos musicais, e muitos outras alegorias, que abrilhantaram toda aquela folia, gerada por todo o ambiente que envolveu os festejos, que duraram estes dias, fica agora para nós, que tivemos o privilégio de assistirmos a esta comemoração dos 500 anos da concessão do Foral, um sentimento de orgulho, por sermos contemporâneos, deste faustoso acontecimento.

Têm sido inúmeras, as manifestações de agrado e regozijo vindas de pessoas que, de muito longe e que, embora, não conhecendo Barbacena, tenham dado nota, junto da minha página do facebook, ou ainda por telefone, do impacto positivo, causado pelo êxito que foram estas bem idealizadas, coordenadas e concretizadas comemorações, do reviver da História de há muitos anos, tão bem, reconstituída agora.

Quando há poucas horas, víamos ser levantado o arraial, sentimos cá dentro, um sentimento misto, de saudade e de orgulho, por termos vivido por cá, nestes tempos, em que em Barbacena, se reeditou e engrandeceu a História, de uma Pátria tão velhinha.

O nosso Amigo Carlos Catalão tem contribuído, para a divulgação do seu torrão natal, ao partilhar como todos nós as suas memórias, de uma forma muito genuína.

Participou activamente, nos festejos dos 500 anos do foral convidado pela comissão organizadora, o que em nosso mui modesto reconheceu o seu - ainda que modesto contributo -, para uma possível recolha de apontamentos de interesse história de Barbacena.


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