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As Bodegas



Também na vertente da gastronomia, e nesta, muito especialmente, para gáudio dos apreciadores, das saborosas comidas alentejanas, se comemorou a entrega do Foral, lá por terras de Barbacena, naqueles dias, que foram de festa, convívio e folia.





Num local recatado, do terreiro, onde estava instalado o bivaque medieval, a fazer lembrar a distante época em que reinava, o Rei Venturoso, uma volumosa carcaça, de um já defunto suíno, girava sobre o lume, que o assava, e lhe dava aquele aspecto dourado, que fazia acicatar os apetites, de quem o contemplava, no seu rodopiar lento, no sentido dos ponteiros dos relógios, e sob o olhar atento do bodegueiro que de quando em vez, o aspergia, com um molho previamente preparado. Aqui e ali, estrategicamente instaladas, pequenas bodegas (tasquinhas), forneciam aos convivas, variadas iguarias, cuja composição, era na sua grande generalidade, constituída por carne de porco, cabrito e borrego, assim, como se houvesse intenção por parte dos diligentes serviçais das bem ornamentadas baiucas, a de fazer reflectir naquele cenário efémero, a ambiência, da empolgante era dos Descobrimentos.

Durante os serões de convívio, que se viveram, nas amplas esplanadas, apetrechadas com longas mesas e bancos corridos bem ao jeito de tempos idos, e quando os espíritos dos apreciadores dos bons néctares alentejanos, e de outras bebidas espirituosas, servidos em canecos de barro vermelho, como convinha, começavam a estar toldados, ouviam-se, por entre a vozeirada, as lindas partituras de musica, um pouco estranha, mas agradável ao ouvido, dos conjuntos e trupes, contratados pela organização dos festejos, para nos darem música.


A destoar de todo o agradável ambiente ancestral, que por lá, todos nós tentámos recrear, naquela festa inédita, para todos nós, muitos dos apreciadores da diurética cerveja, para além de usarem vasilhame um pouco estranho à época que se comemorava, descartavam o mesmo, para o chão, atitude essa, que muito conspurcou o recinto, onde as bodegas, estavam instaladas, e que deu imenso trabalho a limpar, a quem matinal e voluntariamente lhe devolvia o seu aspecto habitável, que deve ser apanágio, de quem vive em pleno século XXI, e comemora acontecimentos, ocorridos há 500 anos.

Setúbal,  22 de Outubro de 2019



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